Não sei você, mas acredito que alguns desenhos animados têm a capacidade de trazer mensagens impactantes por meio de uma narrativa simples, mas profunda. Ao zapear um dia desses com o controle remoto, me deparei com o desenho Up Altas Aventuras justamente no momento em que o adorável velhinho Fredricksen dizia: A aventura está lá fora, quando encontra o seu explorador preferido desde quando era criança. Mas o homem que sempre foi alvo de sua adoração, não era admirável quanto ele achou que fosse durante muitos anos em sua vida. Assim como sua casa, sua mobília, fotografias, poltronas não eram importantes e nem a única maneira de preservar a memória de sua falecida e amada esposa Ellie.
O velhinho levou muitos anos para entender que “A aventura está lá fora”, está fora do nosso Universo muitas vezes, está além do nosso mundo, não que tenhamos que nos abdicar de nosso próprio mundo, mas é importante quando conseguimos entender que há infinitos mundos como o nosso, distintos, complexos, alguns encantadores, outros sombrios, mas há uma imensidão de mundos além do nosso mundo. Quantos mundos não é mesmo? (risos)
Fora o mundo do velhinho Fredricksen, havia o mundo da ave Kevin, o mundo sombrio do seu explorador preferido, o mundo dos cães que habitavam naquela floresta, o mundo do pequeno e encantador Russel. E quantos não gostariam de encher milhares de balões coloridos e levar o seu Universo para longe do resto do mundo? Foi querendo fugir de tudo que o velhinho encontrou a si mesmo, finalmente ele saiu “para fora” para se aventurar.
A aventura está fora, fora de nós mesmos, fora de nossa compreensão, a aventura está em lutar contra os medos de estimação, está em viver a vida que há lá fora.
Lá fora as pessoas têm medo, fragilidades, lá fora as pessoas sofrem, sentem alegrias, gozam, choram, se desesperam, lá fora as pessoas enfrentam guerras, lá fora as pessoas morrem de fome, lá fora há inúmeras religiões e infindáveis ignorâncias... lá fora.
Dentro do meu Universo, há o meu mundo particular, mas lá fora eu preciso me “aventurar” colocando o meu Universo para ser mais um a estar lá fora, nessa batalha de aventuras, de ganhos, de perdas, de julgamentos, de feridas, de cicatrizes.
Já parou para pensar que quando ouvimos e cuidamos de alguém e nos esquecemos e saímos de nós mesmos, parece que algo de imensamente positivo nos aconteceu?
Renato Russo uma vez escreveu: sou uma gota d’água, sou um grão de areia... Sim, somos muito pequenos, a vida é “imensamente” curta e não podemos perder nosso tempo com balões que nos tirem do mundo, não podemos perder tempo com mobílias velhas, com idolatrias vazias, a aventura está lá fora... Lá fora.
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