A habilidade de fruir da vida

Fruição significa aproveitar, desfrutar de algo. De maneira geral, não conseguimos fruir a vida. Ela é cheia de dificuldades e desafios. Precisamos pagar as contas, precisamos equilibrar os relacionamentos, precisamos definir nossa posição política, precisamos encontrar nosso lugar no mundo... Não conseguimos desfrutar a vida que acontece no exato momento do agora. Sem percebermos, anos se passam e a nossa vida corre e também passa. Dia após dia, sem percebermos, esquecemos de que podemos fruir a cada instante da vida.

Porém não é fácil desfrutar essa habilidade. Fruir a vida é sair das amarras do que nos mantém preso à sustentação das situações que acreditamos que nos trazem felicidade. Acreditamos que somente se conseguirmos que nossa vida fique de determinada maneira seremos felizes. Sem percebermos, condicionamos nossa felicidade a coisas externas. Esquecemos que a felicidade não pode residir nas coisas. Se a felicidade estivesse nas coisas, todas as pessoas teriam essa sensação. Por exemplo: se a felicidade fosse morar na praia, todas as pessoas que moram lá teriam a sensação plena de felicidade. Mas a felicidade não está em uma praia. Ela está em nosso interior, no contato com as coisas é que criamos essa sensação.

A pessoa que gosta de praia vai adorar ir até lá. Mas quem gosta de campo não gostará da mesma maneira de ir à praia. Então a satisfação não reside no objeto, mas nos olhos do observador e na experiência de cada pessoa. A habilidade de fruir a vida é entender essa verdade. A felicidade reside dentro de nós. Você não a encontrará em uma casa nova, em um carro do ano nem na pessoa que escolheu para ficar ao seu lado.

Homem de costas com cachoeira e arco-íris ao fundo

Aprenda a ser feliz sozinho

Ao entendermos essa verdade, podemos ver que todas as coisas que habitam o mundo não podem nos trazer alegria. O que gera essa alegria e fruição na vida é entendermos que o verdadeiro fruto está dentro de nós. Quando olhamos uma foto de alguém que amamos e não vemos há muito tempo, podemos sentir saudade. Esse sentimento brota do significado que atribuímos àquela foto. A foto, em si, é apenas tinta em papel. Ao entrar em contato com nossos significados internos, porém, isso ganha uma nova perspectiva. Ela é capaz de nos gerar emoções.

Claro que nos exemplos dados acima nossa energia está condicionada aos eventos. É o caso da foto e da praia. Mas não precisa ser assim. Podemos desenvolver essa energia independentemente das situações à nossa volta. Para isso precisamos treiná-la. Devemos observar como nosso ambiente interno se movimenta no contato com as coisas. Quando olhamos e temos as experiências, como reagimos? Temos medo, ansiedade, raiva, desejo, aversão... O que movimenta você? Ao vermos esse movimento podemos entender nosso interior e depois modificar a maneira como reagimos a esses eventos.

Treinamos então a não responsividade. Podemos sentar em meditação e não nos movermos. Isso é treinar não responder ao impulso que surge. Quando alguém nos fala algo que não gostamos, podemos reagir irados ou nos dar um espaço para escolher como agir. Por isso é que sentamos em meditação: para criar esse espaço. A meditação não serve para produzir um bem-estar durante a prática, mas para que você a utilize durante a vida.

Precisamos aprender a gerar nossa própria energia e a não dependermos das coisas externas para encontrarmos a felicidade. Caso contrário, basta que algo externo mude para retirar sua alegria. A felicidade habita dentro de você, então não dê poder para que alguém a retire de você. Pense nisso!


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