Talvez você já tenha ouvido o termo “sagrado feminino” ou “feminino sagrado”. Essas expressões ganharam mais impacto e mais força com o passar do tempo, graças à emancipação feminina e às discussões sobre feminismo. Se você não entende como tudo isso se relaciona, os itens abaixo podem te ajudar:
O que é sagrado feminino?
A expressão “sagrado feminino” nomeia um estilo de vida. Essa filosofia tem como mote reconhecer, compreender e estudar todos os aspectos físicos, mentais e naturais da figura da mulher.
O feminino sagrado nos arcanos maiores do Tarô
Um dos preceitos do sagrado feminino é a ideia de que as mulheres são cíclicas. Existe o ciclo menstrual, que dura cerca de 28 dias e deve acontecer todos os meses a partir da primeira menstruação, e o ciclo gestacional, que dura cerca de 9 meses e acontece para as mulheres que engravidam.
A ideia dessa filosofia não é a de que existem padrões entre todas as mulheres. É exatamente uma tentativa de fugir aos padrões impostos às mulheres, porque eles impedem que elas conheçam os próprios corpos e se neguem a aprender sobre eles.
Outro ponto importante do sagrado feminino é o contato com a natureza. A Lua e as estações do ano, por exemplo, apresentam ciclos, assim como as mulheres. A mulher é um elemento da natureza que deve estar em harmonia com ela.
Aplicação do sagrado feminino
Para valorizar essa conexão entre mulher e natureza, o sagrado feminino cultua deusas. Não há uma religião específica. O culto é às mulheres das mais variadas crenças e mitologias: Gaia, Lilith, Eva, Afrodite, Atenas e muitas outras são exemplos de força, inteligência, determinação, atitude e coragem.
Dessa forma, é por meio do contato entre mulheres, deusas e natureza que é possível, para uma seguidora do sagrado feminino, conectar-se com a própria essência. A filosofia prega que todas as mulheres são deusas com qualidades e capacidades próprias, então são capazes de realizar grandes feitos.
A ginecologia natural, que promove o autoconhecimento das mulheres em relação aos seus corpos, também é uma teoria abordada por esse estilo de vida. A ideia é que uma mulher tenha total domínio sobre quem ela é e sobre como funciona.
Antigamente, as mulheres que traziam esse tipo de conhecimento eram consideradas bruxas. Acreditava-se que era alguma magia que fazia as fases da Lua se conectarem de formas distintas aos ciclos menstruais de cada mulher, por exemplo.
Hoje em dia, essa forma de conhecimento é o que dá a força para o sagrado feminino evidenciar a relação entre as mulheres e a natureza. Cada uma deve observar como os aspectos naturais da existência influenciam sua forma de viver e como se sentem com o próprio corpo ou sobre o mundo.
Um elemento que pode auxiliar as mulheres a analisarem a conexão entre o ciclo menstrual e as fases da Lua é a mandala lunar. Ela funciona como um calendário circular no qual é possível preencher qual é a fase da Lua em cada fase do período menstrual de uma mulher. Depois de alguns meses, ela vai notar o padrão que forma a conexão entre uma coisa e outra.
A união e o sagrado feminino
O sagrado feminino só pode ser colocado em prática por meio do compartilhamento de vivências e de conhecimentos sobre o que é ser mulher. Assim, essa filosofia se manifesta e se engrandece por meio de encontros promovidos por mulheres para mulheres.
Nesses encontros, além de ser realizado o culto às deusas, é comum que cada mulher fale sobre seu ciclo menstrual e sobre como sente a própria conexão com a natureza. É por meio dessa troca de experiências que o conhecimento sobre o corpo feminino ganha mais conteúdo.
Ao conversar com outras mulheres, contando sobre si e sobre a sua relação com a natureza, estimula-se um senso de união entre todas elas. Isso contraria a lógica patriarcal de que todas as mulheres devem competir entre si e permite que elas sejam aliadas.
Música no sagrado feminino
Nos encontros para discutir essa filosofia, é comum que seja cantada uma música para que as mulheres entrem em harmonia umas com as outras e se conectem aos princípios do grupo. A letra de Sagrado Feminino, de Melissas, é esta:
“Damos as mãos
Olhos nos olhos
Coração com Coração
E percebo e conecto ao círculo
Grande mãe é o divino
E percebo e conecto ao círculo
Ao nosso sagrado feminino
Iluminadas e delicadas
Filhas, mães, avós
Irmãs que curam,
Sangram, sagradas
No aqui e agora, nossa voz”
O sangue menstrual e a conexão sagrada com a Deusa
Livro Sagrado Feminino
Outra forma de conhecer mais sobre essa filosofia de vida é por meio da leitura. Existem livros direcionados a esse tema que podem ajudar as mulheres a se conhecerem e a se conectarem com essa forma de conhecimento ancestral sobre o próprio corpo. Alguns títulos podem ser encontrados a seguir:
Mulheres que correm com os lobos, Clarissa Pinkola Estés
A Ciranda das Mulheres Sábias, Clarissa Pinkola Estés
O Jardineiro que tinha fé, Clarissa Pinkola Estés
Círculos Sagrados para mulheres contemporâneas, Mirella Faur
O Legado da Deusa, Mirella Faur
O Milionésimo Círculo, Jean Shinoda Bolen
A Dança Cósmica das Feiticeiras, Starhawk
Deusas: Os mistérios do Divino Feminino, Joseph Campbell
O anuário da Grande Mãe, Mirella Faur
As Deusas e a Mulher, Jean Shinoda Bolen
Lua Vermelha, Miranda Gray
Confira também: