Viver em um relacionamento tóxico é uma realidade difícil para muitas pessoas. Não é fácil se desvencilhar de uma relação que fragiliza seu emocional e acaba por te prender.
Porém, uma coisa que mais impressiona é que há uma característica, que muitas vezes é associada como positiva, que pode fazer com que você seja um alvo para abusadores, como narcisistas e antissociais.
Quando é excessivo
Responsabilidade. A responsabilidade excessiva, em muitos casos, pode ser um fator que contribui para o ciclo de abuso e, consequentemente, para a sensação de culpa que a vítima carrega. A pessoa altamente responsável tende a assumir a responsabilidade por suas ações e até mesmo pelas ações dos outros. Ela se esforça para manter a paz, a harmonia e o equilíbrio nos relacionamentos, muitas vezes colocando as necessidades e desejos dos outros antes dos seus. Essa predisposição a assumir responsabilidade pode ser resultado de uma educação que valoriza o cuidado com os outros e o senso de dever. Pode ser também que essa pessoa tenha tido uma criação em que assumia até mesmo responsabilidades que não são suas.
O problema é que a responsabilidade excessiva pode gerar culpa. Culpa por coisas que a pessoa não é totalmente responsável. Em um relacionamento com um abusador, como um narcisista, essa inclinação para assumir responsabilidades pode ser explorada de maneiras prejudiciais. O narcisista é conhecido por sua manipulação, egoísmo e necessidade constante de validação. Eles podem explorar a responsabilidade da vítima para controlá-la e mantê-la presa ao relacionamento, gerando culpa para que a pessoa fique presa na relação.
Essa dinâmica muitas vezes começa com sutis jogos mentais, nos quais o narcisista faz a vítima duvidar de suas próprias percepções e emoções. Ele pode distorcer a realidade e culpar a vítima por problemas no relacionamento, mesmo quando não há fundamento para essa culpa. A pessoa responsável pode acreditar que é sua obrigação resolver os problemas e fazer sacrifícios para manter a paz. Com o tempo, essa manipulação pode se intensificar, levando a abusos emocionais, verbais, psicológicos e, em alguns casos, físicos. A pessoa responsável muitas vezes fica presa em um ciclo de tentativa e erro, no qual ela busca incessantemente agradar o abusador na esperança de mudar a dinâmica do relacionamento para melhor.
Essa é a Armadilha
Aqui reside a armadilha: a pessoa responsável se culpa por não ser capaz de "consertar" o abusador ou o relacionamento. Ela internaliza a ideia de que, de alguma forma, é responsável pela felicidade e pelo comportamento do parceiro abusivo. Esse fardo de culpa pode ser avassalador e difícil de romper, levando a um ciclo de submissão e abuso contínuo.
A autoestima da pessoa que se sente responsável é minada gradualmente, pois ela é constantemente criticada e culpada por coisas que não estão sob seu controle. Ela pode se sentir inadequada, impotente e presa em um relacionamento do qual não consegue sair. Essa sensação de culpa e inadequação é alimentada pelo abusador, que reforça constantemente a ideia de que a vítima é a culpada pelos problemas no relacionamento. Aqui entra a terapia e busca por ajuda. A terapia é uma ferramenta valiosa para ajudar pessoas nessa situação a compreenderem a dinâmica do abuso, reconhecerem a manipulação e aprenderem a reivindicar sua própria autonomia e valor. É fundamental que a vítima compreenda que o abuso não é sua culpa e que merece um relacionamento saudável e respeitoso.
Você também pode gostar:
Além disso, é importante que amigos e familiares estejam cientes dessa dinâmica para oferecer apoio e compreensão à vítima. A educação sobre relacionamentos saudáveis e o reconhecimento precoce de sinais de abuso são passos cruciais para prevenir e interromper esse ciclo de culpa e abuso.
Se você sente que possui essa característica em excesso, entenda que seu valor não está ligado à sua capacidade de agradar e cuidar de um abusador. A responsabilidade sobre sua própria felicidade e bem-estar deve ser priorizada, e buscar ajuda para se libertar de um relacionamento tóxico é um passo crucial na jornada em direção à cura e ao amor-próprio.
Confira também: