Em meio à correria de nosso dia, muitas vezes não notamos, mas estamos com nosso coração preso. Preso nas aflições e desejos que nos empurram de uma angústia a outra, de uma situação a outra. Queremos resolver os problemas de nossa vida, sejam eles familiares, amorosos, financeiros ou profissionais. Na ânsia por resolver esses problemas, estamos sempre os encarando da mesma maneira e, sem percebermos, ficamos presos em nossas ansiedades, tristezas e desilusões. Nosso coração fica preso em emoções que o perturbam, gerando cada vez mais problemas e dificuldades. Na busca por uma solução, geramos mais dificuldades em nossa vida.
Contudo é possível libertarmos nosso coração dessas emoções e vivermos de maneira livre, para sentirmos a felicidade e a alegria que tanto merecemos.
A origem do sofrimento
Para a Psicologia oriental, todo sofrimento tem origem no eu. Quando a pessoa foca demais a si mesma, gera sofrimento. Isso acontece porque toda a sua energia se volta para si, e a pessoa não consegue investir essa energia em outras pessoas. Ela fica focada em suas necessidades e cria uma bolha espelhada, ficando no centro e apenas conseguindo ver seus próprios problemas.
Na Psicologia, também temos a atenção seletiva. Funciona da seguinte maneira: se você quer comprar um vestido vermelho, começará a ver muitos vestidos vermelhos. Isso porque sua mente agora está direcionada para ver esse vestido. Não que antes eles não existissem, mas agora sua mente direciona sua atenção a eles. Da mesma forma, se focarmos nossos problemas, dores, dificuldades, veremos mais disso no mundo e na nossa vida.
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Outro ponto é que, ao focarmos apenas nossas necessidades, perdemos a visão ampla. Olhamos apenas para o que o mundo pode nos trazer e esquecemos que a felicidade está no que podemos levar ao mundo. Nessa perspectiva, acreditamos que a felicidade está nas coisas, e não dentro de nós. Achamos que uma viagem, uma casa nova, um relacionamento melhor ou qualquer outra coisa que nossa mente desejar irá nos trazer a tão sonhada felicidade. Esquecemos que, ao entrarmos nessa perspectiva de que a felicidade está lá fora, entramos no sofrimento.
Acontece da seguinte forma: se você deseja algo acreditando que ali reside a felicidade, terá dois problemas. Primeiro, se não conseguir aquilo, perde a possibilidade de ser feliz. Como se toda felicidade estivesse naquele objeto desejado. Agora, se você conseguir, terá o sofrimento de manter, acreditando que, se perder tal coisa, perderá sua felicidade.
Se acharmos que nossa vida é resolver nossos problemas e conquistar coisas lá fora, estaremos sempre presos às circunstâncias da vida. Não podemos controlar as coisas que acontecerão externamente, mas sim como reagimos a elas. Esse tipo de visão estreita nosso coração e aprisiona nossas emoções. Mas é possível ter outro caminho.
Libertando nosso coração
“A dor faz parte de nossa vida, mas o sofrimento é opcional”. Essa é uma frase muito importante no budismo, pois diz que coisas ruins acontecem em nossa vida, mas podemos sempre escolher como lidamos com essas situações. Problemas podem existir, acidentes acontecem, problemas aparecem e fatalidades ocorrem, mas podemos olhar além deles e escolher como reagir diante de cada situação.
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Para isso, precisamos treinar nossa mente e nosso coração. Treinar a capacidade de não responder de maneira automática ao ambiente. A meditação é um ótimo caminho nesse sentido, pois, ao fixarmos nossa mente em nossa respiração, acalmamos nosso coração. Treinamos nossa mente para relaxar e entender que as paisagens vêm e vão e que não precisamos ser carregados por elas.
Não somos o que sentimos
Não somos pessoas irritadas, estressadas, ansiosas, tristonhas, ou qualquer adjetivo que pensemos. Na verdade, confundimos nossos estados emocionais e mentais com nossa identidade. No fundo, estamos com raiva, com medo, com estresse, com tristeza. As emoções são nossas, mas nós não somos elas. Não precisamos nos identificar com elas e podemos aprender a lidar com esses estados. Os estados emocionais são como reagimos às situações, e podemos aprender a lidar com eles.
Talvez você se sinta uma pessoa ansiosa, irritada ou tristonha. Mas, na verdade, isso são apenas estados emocionais. Assim como você não é sua gripe, sua dor de cabeça, que são estados de saúde, você não é seus estados emocionais.
Ter um coração livre significa não ser carregado pelos estados emocionais, mas sim ter liberdade de agir frente a eles. Se você fica irritado, pode escolher como vai expressar ou não essa raiva. Se está triste, pode perceber essa emoção fluindo e entender o que a gerou. O problema todo está quando não percebemos quais emoções estão nos dominando e agimos impulsivamente, sendo carregados por elas.
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Se temos consciência dessas emoções, podemos liberar nosso coração e nossa mente para agir da forma que gostaríamos. Podemos experimentar isso treinando nossa mente. Esse treino pode ser prestar atenção em nosso coração e emoções. Avaliar quais estados físicos nos permeiam quando estamos ansiosos, estressados ou irritados. Também entender o que gera essa emoção.
As contemplações dessas coisas poderão dar a você uma nova perspectiva de si mesmo. Experimente olhar de maneira diferente, sem culpa, para suas emoções. Seu coração irá agradecer.
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