Aquela camisa velha desbotada que você ama, aquele sapado furado que você não quer jogar fora, uma caneca sem asa que “não existe café da manhã” sem ela, ou aquele fusca azul maldito 79, que te largou na mão milhões de vezes e que você faz questão de arrumar todas as vezes que quebra.
Isso me fez refletir, que cada um deve ter sua paixão por algo antigo, aquele objeto que te define, algo que qualquer um olhe e lembre de você, aquele objeto que pode te definir melhor que sua mãe.
Não há nada como olhar um cachimbo velho e lembrar do seu avô, ou aquela colher de pau que sua avó usava para fazer uma feijoada no domingo, fato é que as pessoas imprimem sua personalidade em algum objeto geralmente. Talvez as pessoas nem saibam a peça que as definem, mas aquele cachimbo significa a sabedoria do seu avô, a colher de pau seria o dom culinário da sua avó, aquele carro velho que você tanto arruma e te deixou largado as 5 horas da manhã no meio da avenida mais movimentada da cidade, significa sua persistência.
Ahhh a persistência, o que seria de mim sem ela? Digamos que nunca me faltou nada, até meus 15 anos, quando minha mãe saiu de casa (mãeeee te amo!!!!), decidi então ficar com o senhor meu pai (paiii amo o senhor também, quase igual a minha mãe), que para não expor demais, vou dizer que é simplesmente uma pessoa difícil. Sempre tive que provar muita coisa pra ele, que podia ser o melhor, que podia curtir minha vida e levar meus estudos a diante, eu tinha que persistir. Assim como quando comecei a jogar vôlei no alto dos meus 1,67cm de altura, tive que persistir e mostrar a todos minha capacidade, ocorreu também quando tive uma bolsa de estudos no ensino médio e ninguém acreditava no “moleque pretinho”, que um dia passou na FATEC e que por persistir em um sonho eu larguei para me formar em publicidade. A palavra na minha vida é persistência.
Então caso tenha um sonho, corra atrás, não vivemos outra vida, cada momento é singular, único, inalterável. Poxa Vinicius, mas e o seu novo carro velho? Bom, ele me largou na mão inúmeras vezes, parou de funcionar onde não podia, vazou óleo em um piso branco, estourou pneu descendo a serra, caiu o eixo dianteiro em uma avenida movimentada, mas graças a ele vi que ainda existem pessoas boas, daquelas que não cobram nada para te ajudar, mas que você faz questão de pagar um café ou um maço de cigarros, pessoas que me ensinaram que o pouco que você tem, pode ser muito para elas. Ele me fez persistir, na fé das pessoas, na ajuda sem interesse, no companheirismo de um desconhecido ou em um simples olhar de um senhor de “Putz... já passei tanto por isso”. Sim, eu tenho um fusca azul 79, que me ensinou muita coisa, no futuro se eu ainda o tiver – porque eu juro que se ele parar mais uma vez eu vou vender – , meus filhos o vejam como eu vejo o cachimbo velho do meu avô.
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