Sempre ouvi que o brasileiro é um povo alegre, descontraído, hospitaleiro e criativo. Todos estes adjetivos sempre soaram-me como elogios a um País de quase 200 milhões de habitantes, de tamanho continental com seus mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, onde se fala uma única língua e onde o sorriso é quase sempre sua marca registrada. Enfim, um paraíso na Terra.
Mas, como todo paraíso que se preza, como sabemos desde os tempos bíblicos, um certo dia, tem seus habitantes instigados pela curiosidade e falta de informação por alguém que se diz mais esperto. E, então, come-se a maçã das mazelas.
A maçã da subserviência desmedida, a maçã do "jeitinho", a maçã do "deixa para manhã", tantas maçãs... e, deparamo-nos com a exposição da nossa nudez. Essa nudez que nos queima em dias de sol acachapante e nos congela em dias de frio invernais. Ficamos então, a mercê da boa vontade do outro. Esperamos os milagres do céu, a roupa da doação, a comida da caridade , o aumento do valor das "bolsas", e por aí vai.
Colocamos a culpa da nossa nudez no destino, na falta de sorte, no dólar, no câmbio, no vizinho, enfim, no outro. Porém, quem são os outros senão nós mesmos vistos pelo espelho impiedoso da nossa arrogância? Sim, somos arrogantes quando apontamos o dedo para o erro do outro e não olhamos o nosso próprio umbigo.
Somos arrogantes quando reclamamos dos serviços, da educação, da saúde e nunca fizemos nada para que as coisas melhorassem, nunca participamos de um grupo em nossa comunidade que se mobilizasse para melhorias no nosso bairro.
Somos arrogantes quando achamos que o político tem obrigação de ser ativo e impoluto mas, votamos nele sem nos darmos ao trabalho de saber um pouco da história deste candidato. Votamos porque ele é amigo do nosso amigo, e achamos que isso é um bom motivo! Há muitas formas de sermos arrogantes.
Penso que se quisermos voltar a ser o País da hospitalidade, da honestidade e do sorriso precisamos fazer mudanças urgentes. Está na hora de sermos protagonistas da nossa história. E isso remete-nos a comprometermo-nos com nossa comunidade, nosso bairro, com o hospital da nossa redondeza, com a escola dos nossos filhos.
Quando foi a ultima vez que você fez um trabalho voluntário? Visitou uma creche? Serviu uma sopa na rua? Fez uma doação a uma instituição? Conheceu a instituição que você ajuda?
Sou otimista, a crise brasileira pode nos ser muito útil, vamos sair dessa melhores, como pessoas e como cidadãos. Voltaremos a sorrir, mas nosso sorriso não será apenas um produto de marketing para "inglês ver" e sim o resultado de uma nova postura . Uma postura comprometida com o País e seu destino. Teremos então um sorriso que dirá aos outros: "Eu sou gestor da sociedade em que vivo". E, tenha certeza, esta sociedade será muito melhor!
Encaremos nossas atuais dificuldades como desafios que nos levará a sorrisos verdadeiros e genuínos.
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