Diwali, ou Deepavali, como também é chamado, significa “fileira de luzes” e é um dos maiores e mais conhecidos festivais de toda a Índia. Este importante festival acontece uma vez por ano, sempre na noite mais escura do outono indiano, que ocorre durante a Lua Nova, que marca a transição entre a Minguante e a Crescente.
Nesta celebração, que representa a passagem das trevas para a luz, o povo indiano acende pequenas lâmpadas em grande quantidade, que formam um belo e enorme jogo de luzes em meio à escura noite. Além desta significação de passagem, outros significados também representam este importante evento.
Enquanto milhares de luzes estão acesas, o povo é lembrado do triunfo do bem sobre o mal, da prosperidade, da riqueza e da força divina que há em todos os corações dos seres humanos. Além das luzes, a decoração também conta com as ricas cores de alimentos feitos especialmente para serem consumidos durante o festival, principalmente os doces, que representam o amor.
Durante as comemorações, todos na Índia são fortemente incentivados a adquirir novos bem materiais de qualquer natureza, como roupas, carros, joias, objetos decorativos para o lar e qualquer outro tipo de bem que possa ser comprado.
Esse tipo de incentivo ocorre porque, de acordo com a crença, a riqueza é móvel, portanto, se você tem condições, gaste seu dinheiro agora, com o que você quer, antes que o perca. Apesar desta mensagem, o povo também é convidado a refletir a respeito da responsabilidade que anda ao lado da prosperidade, ou seja, apesar de você gastar seu capital e dar muito valor ao uso do ouro, é necessário manter a regularidade da sua fortuna.
Com este festival, os indianos esperam manter viva a mensagem de que a escuridão do mundo pode ser revertida em luz, basta que os seres que habitam este mundo ajam de acordo e de forma que isso se torne realidade.
Um detalhe muito importante desta comemoração é que a chama de cada lâmpada deve estar, durante todo o festival, apontando para o céu. Mesmo que a lâmpada esteja posta de cabeça para baixo (muitas vezes a deixam para manter o fogo aceso), a chama deve estar para cima, pois essa luz lembra o povo de focalizar Atman que, na espiritualidade, é o verdadeiro dono e fonte de conhecimento, felicidade e poder.
Outra importante lição transmitida por meio do festival e suas luzes é que você pode acender mil lâmpadas, mas a luz da primeira continuará a mesma. Portanto, as luzes se multiplicam, mas não se perdem, transmitindo a união e a força da consciência que todos nós precisamos preservar no mundo. Dessa forma, você será capaz, também, de espalhar a luz da união, do amor e da compaixão.
As chamas das lamparinas são acessas em todos os lugares: nas portas das casas, pelas paredes, nas ruas e becos pequenos. Isso é muito importante, pois representa a ajuda que um pode dar ao outro para que todos possam andar sem tropeços e alcançar mais rapidamente seus respectivos destinos.
Além das pequenas lamparinas, outras formas de iluminação são usadas durante o festival, como fogueiras, luzes elétricas e fogos de artifício. Todas as casas também são decoradas com muitas flores e objetos de ouro para alegrar o ambiente.
Lendas
Há diversas lendas que permeiam este importante festival indiano. A de Dhanteras, por exemplo, é uma delas. Esta divindade teria emergido do oceano e apresentado a ciência do Ayurveda ao mundo justamente no dia da Lua Nova. Portanto, todos os médicos da Índia que seguem a medicina ayurvédica organizam celebrações para agradecer a divindade.
Já a lenda de Naraka Chaturdashi fala sobre o rei Narakasura, de Prag-Jyotishpur. Este rei utilizava boa parte de seu poder para atormentar seus súditos, até que, no dia da Lua Nova, Sri Krishna destruiu o rei Narakasura. Pessoas injustamente presas, quando libertadas, celebram sua liberdade com os conhecidos, assim como o povo que se libertou do injusto rei de Prag-Jyotishpur.
Há, também, a lenda de Sri Rama, que fala que Diwali acontece como celebração à volta de Sri Rama a Ayodhua depois de sua vitória contra Ravana, o rei asura de Sri Lanka. Já os Puranas dizem que, neste dia da celebração, a deusa Lakshmi emergiu de Ksheera Sagara e se casou com Vishnu, e a festividade acontece como forma de comemoração a esta união.
Por último, a lenda de Govardhana Puja fala que, para proteger o povo e suas vacas das fortes chuvas enviadas por Indra, Krishna levantou uma colina, chamada Govardhana, que protegeu o povo por sete dias inteiros. Depois deste episódio, Indra percebeu a grandeza de Krishna, se redimiu e pediu perdão.
Há, de fato, muitas interpretações e crenças a respeito do motivo que leva o povo indiano a realizar este festival. Entretanto, todas indicam, de uma forma ou de outra, a vitória do bem contra o mal e a vitória da felicidade a frente das energias negativas. Tanto é generalizado o conceito do bem e de sentimentos bons, que não importa a religião - hindu, budista, jainista ou sikhs -, todos participam das comemorações.
Celebração
A celebração desta festividade pode durar até seis dias e segue uma programação já conhecida por todos na Índia. No dia anterior ao Diwali, as mulheres fazem jejum para clamar a graça de Deus e para lembrarem que, para ganhar alguma coisa, é necessário abdicar de outra. Durante a noite, os devotos de Gomata (a vaca sagrada) a adoram e as mulheres oram pelo bem-estar de suas famílias.
No primeiro dia oficial de Diwali, todos tomam banho de óleo e as mulheres limpam suas casas e os estabelecimentos comerciais de suas famílias para que a decoração do festival seja recebida de braços abertos e em ambientes que a merecam. No segundo dia de comemoração, as pessoas também tomam banho de óleo e visitam seus parentes e amigos para oferecer-lhes doces, presentes e, com isso, muito amor.
No terceiro dia de comemoração, as pessoas adoram a deusa da riqueza, chamada Lakshmi. No quarto dia, os devotos constroem montes feitos de estrume de vaca, simbolizando a montanha Govardhana, que Krishna construiu para proteger seu povo da chuva. O quinto dia, portanto o último de comemorações, chama-se Bhaivya Dooj. Neste momento do festival, celebra-se os costumes divertidos. Milhares de irmãos e irmãs se visitam, trocam presentes e tomam um banho sagrado no rio Yamuna.
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