Basta que nosso desejo seja capturado para que nossa felicidade seja condicionada a elementos externos e passamos a crer que ela será alcançada quando conseguirmos condições específicas. Já comentei sobre isso em outros textos e se você é novo por aqui, pode acessá-los para entender melhor.
No texto de hoje quero falar sobre a importância de focarmos naquilo que possuímos e como isso contribui para nossa felicidade. Na vida contemporânea estamos sempre focados em conseguir as coisas e obter situações positivas ou determinadas posições, mas, de maneira geral, não damos importância para a presença das pessoas que convivemos e nem para os momentos que passamos com elas. Sejam pessoas de nossa família, amigos, colegas de trabalho, todos esses encontros são especiais, pois nos propiciam um momento único em nossa vida.
Dalai Lama diz, sabiamente, que as coisas foram feitas para serem utilizadas e as pessoas, amadas, mas o grande infortúnio é que acabamos usando as pessoas e amando as coisas. Invertemos esses valores porque acreditamos que a felicidade está presente nas condições e nas coisas, quando, na verdade, ela habita no encontro com o outro.
Uma grande evidência disso está no documentário Happy (caso não tenha visto, sugiro que veja). Nesse documentário, cientistas e psicólogos se empenham em tentar descobrir o que traz felicidade ao ser humano e a conclusão que se chega é que estarmos em comunidade e sermos reconhecidos por nossos pares produz essa felicidade.
Normalmente, quando se fala para uma pessoa agradecer o que se tem, ela começa a agradecer pela casa, pelo trabalho, pelas coisas materiais. Entretanto ela deveria iniciar pela rede que possui, pelos amigos, por sua família, por seus colegas de trabalho, valorizando as pessoas, e não as coisas, pois tudo nessa vida é impermanente. A impermanência nos atinge.
Tudo nessa vida é impermanente, nada irá durar para sempre e todas as coisas passam. Por isso é importante valorizar as pessoas que estão em nossa volta, pois o tempo que temos com elas é muito curto. Costumo dizer que se guardamos mágoas de uma determinada pessoa estamos, na verdade, perdendo tempo, pois nosso tempo é escasso demais para acabarmos desperdiçando com brigas e futilidades.
Chagdud Tulku Rinpoche comparava a vida com um piquenique no parque, em que muitas vezes acabamos passando a maioria do tempo discutindo sobre como colocar o lenço no campo, brigando pelos alimentos e, de repente, termina o dia e não aproveitamos o momento e nem a companhia um do outro.
Nossa passagem é rápida e mesmo que durássemos mais de 150 anos, seria pouco para podermos aprender com as pessoas e aproveitar suas companhias. Até mesmo indivíduos difíceis podem nos oferecer grandes aprendizados, pois se algo nos afeta é quando revela nossas fraquezas. Mas não irei me delongar muito nesse tema, deixaremos isso para um próximo texto, sobre como pessoas difíceis podem nos ajudar, pois fornecem grandes aprendizados sobre nós mesmos. O que quero frisar agora é a importância de nossas relações e do contato que temos com os outros. Por isso agradeça e valorize tudo isso, pois nunca sabemos quanto tempo temos e precisamos fazer valer cada minuto.
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