Enquanto eu crescia, ouvia sempre a mesma coisa: não temos dinheiro para isso. Por “isso” leia-se “passeios, diversão, cinema e qualquer tipo de lazer”. Uma vez pedi uma bicicleta — eu tinha crescido e a minha não me servia mais — e ganhei uma que os trabalhadores rurais usam para ir trabalhar (a Caloi Forte). Imagina eu, fofinha, menininha, andando naquele troço.
E de resto era sempre o dinheiro no controle do homem da casa. Nunca tinha dinheiro para nada, mas de repente aparecia o dinheiro para algo grande. Se eu dizia que ia comprar uma boneca de R$ 10 com um dinheiro que eu guardei do lanche, ele dizia que a boneca não prestava e me comprava — no Natal — uma de R$ 100.
Outro ponto: se eu queria um sorvete, minha mãe tinha o dinheiro; mas se eu queria fazer aulas de balé, precisava conversar com o homem da casa, que quase nunca concordava com minhas “frescuras”. Isso me deu uma imensa gama de crenças negativas sobre o dinheiro.
Primeiro que dinheiro gasto em lazer é perda de tempo. Dinheiro é para coisas sérias, não para diversão. Segundo: uma relação mágica com o dinheiro — não tem, mas aparece no final (o que me faz usar o cartão como se não houvesse amanhã, esperando o milagre da infância se repetir). E que dinheiro de mulher é fraco, é pouco. Serve para coisas ruins ou baratinhas, como péssimas bonecas e sorvetes, mas não para o que realmente importa.
Passei muito tempo — e muitas mentorias e cursos — tentando entender qual era o problema. Fiz um milhão de planilhas, baixei apps, cortei cartões de crédito com uma tesoura e, pasmem, até no freezer eu já deixei um deles. Tudo isso para descobrir que não, não me faltava disciplina financeira. Eram as crenças, essas danadas, que estavam minando as minhas finanças.
Tudo pode ser ressignificado. E, aos poucos, estou ressignificando cada uma delas. A primeira, sobre usar o dinheiro para diversão, graças a Deus não existe mais. Mas me peguei achando meu dinheiro “pouco ou fraco” por ser meu — e não de um macho adulto — há pouco tempo. Aos poucos, estou trocando isso e me tornando mais poderosa financeiramente.
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O primeiro empoderamento que precisamos ter é o financeiro. Ele nos tira de relacionamentos ruins, de empregos ruins e nos dá a liberdade para fazer o que queremos — de abrir um negócio a tirar um ano sabático — e eu demorei para entender isso. Mas, no fundo, é o que realmente nos garante a sobrevivência, portanto a liberdade. O que realiza os nossos sonhos e nos dá poder verdadeiro de ajudar ao próximo.
Recomendo, sobre esse assunto, a leitura do livro “O segredo da mente milionária”, de T. Harv Eker. Boa leitura!
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