Uma vida… 30 anos de dedicação e fidelidade. Uma relação construída com filhos, netos e de repente a revelação: ele me traiu!
Onde eu estava esse tempo todo? Como pude ser tão idiota por não ter percebido que quando dormíamos na mesma cama era com ela que ele se deitava?
Que transava comigo, mas era com a outra que ele trocava fluidos de prazer?
Como saber se no ato da entrega não era outro rosto que ele via?
Uma relação construída com uma intrusa entre nós e só eu que não sabia.
Traição dói. E quantas Helenas, Marias e Clarices neste mundo à fora não sentiram o mergulho no fundo do poço na descrença do amor, na revelação de um mundo de ilusão construído ao longo de 10, 20, 30, 40 anos?
Traição dói! Mas agora eu vou à desforra!
Ah! ele vai saber o quanto doí imaginar que agora os meus braços deslizam nos braços de um outro homem. Que minhas mãos exploram outras geografias para consertar a minha história. Ah! que doce é o sabor da vingança!
O traído pensa que irá se recompor depois da traição consumada, afinal , paga-se com a mesma moeda.
Quantos casos maquinados, tramados no vazio da noite sem fim. Em meio a lágrimas e fel e uma mente que só tem agora um desejo: fazer com que o traidor sinta a mesma dor que causou, se possível, por favor, duas vezes maior!
Não é conspirando com a mente que curaremos a nossa dor. A mente engana, mente, ludibria.
Não é se misturando a outros corpos que sopraremos a ferida e amenizaremos a mágoa e a revolta.
Não é trocando carícias em outros lençóis que aplacaremos a nossa angústia. Para cicatrizar é preciso tempo e não é com outro adultério que o drama será superado. É conversando, tentando até entender o que pode até não ter explicação alguma. É trazendo o coração para participar deste diálogo. É acorrentar o ego e a humilhação para deixar-se renascer, quem sabe através do perdão e da reconciliação ou quem sabe através da separação.
Não é lesando outros, usando-os como objeto de desejo ou vingança que juntaremos os cacos do nosso sofrimento.
Nosso corpo é um templo e não é justo colocarmos no altar alguém que não é de nossa apreciação por um vil sentimento.
No desejo de punição nos punimos e na ânsia de castigar nos castigamos.
Sejamos firmes mas sejamos leves. Por si só a dor da traição já é severa demais.
Transforme, transmute, transcenda, busque ajuda terapêutica se necessário, mas não pense que através da vingança você se sentirá melhor.
Aprenda e vire a página. A dor também ensina.
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