O sofrimento faz parte da vida. Mesmo as coisas que nos trazem felicidade estão sujeitas a nos trazer sofrimento. Neste texto, quero contemplar com você como o sofrimento é gerado por meio de visões que consideramos comuns. Achamos que esse é o modo correto de viver, mas elas geram apenas engano e confusão.
Quero abordar com você 3 tipos de visões que geram sofrimento e que, pior, acreditamos serem visões corretas sobre a vida.
Visão
Quando me refiro a visão, estou querendo dizer que é uma forma de enxergar e viver. É como uma maneira que temos de encarar a vida e realizar escolhas. Com base nisso, 3 visões são, em sua maioria, responsáveis pelo sofrimento que temos. Vamos abordar cada uma delas:
1º Desejo
Pode parecer estranho que o desejo esteja nesta lista. Afinal ele é o que guia atualmente nossa sociedade. Então tendemos a normalizar o desejo, achando que é comum que tenhamos desejo pelas coisas. Mas isso só gera sofrimento inevitável.
Ao desejarmos algo, já criamos a prisão que será nosso sofrimento. Por exemplo, digamos que a pessoa deseje se mudar para um lugar mais favorável, ou então deseje ter muito bens em seu nome. Os dois exemplos parecem ao primeiro momento muito bons. Porém, ao desejar, ela tem seu primeiro problema, que é a expectativa. Se não atingir seu objetivo, poderá entrar em sofrimento. A sua felicidade fica ancorada em um evento externo.
O que você vive é amor ou apego?
Já a segunda forma de sofrimento vem se ela atingir tal objetivo. Se ela atinge, precisará fazer esforços para não perder aquilo. Ou então pode ser que a energia de felicidade que teve vá enfraquecendo aos poucos. Como quando compramos uma roupa nova, e, com o tempo, a satisfação que sentimos passa, até mesmo antes que possamos ter a necessidade real de comprar novas roupas.
Outra forma é o medo que a pessoa tem de perder aquilo que conquistou. Assim o sofrimento do desejo se torna algo inevitável. Mas esses problemas só acontecem se o desejo for seguido pela segunda visão.
2º Apego
Se temos apego pelas coisas, estamos sempre em sofrimento. Por medo de perder ou por perder e sofrer por isso. Apegar-se as coisas é negar a natureza da realidade. A natureza de que todas as coisas são impermanentes. Elas não duram para sempre, e algum dia teremos que abrir mão e soltar as coisas. Se nos apegamos, não possuímos mais as coisas, mas sim viramos posse delas.
O apego é uma forma de acharmos que as coisas são nossas, quando na verdade estão apenas sendo emprestadas. Sempre quando contemplo isso, olho para alguma casa ou até mesmo para a casa onde eu vivo e olho para o chão. Muitas pessoas passaram aqui antes de mim e diziam que aquele espaço era delas. Mas esse espaço foi habitado e agora passou até chegar a mim. As coisas são assim, passam de pessoas para pessoas. Se nos apegamos, não deixamos que outras pessoas usufruam aquilo. E mesmo que nos apeguemos, um dia isso sairá de nossas mãos.
3º Aquisitividade
O terceiro é quando o apego e o desejo se juntam ao mercado do capital ou à lógica econômica. Achamos que a felicidade está na liberdade de comprar. Claro que, se não temos uma boa casa e alimento para nos dar energia, estaremos em sofrimento. Contudo, se desejamos mais do que isso, acabamos caindo no engano de que a felicidade está em comprar e comprar.
Quando compramos, realmente temos uma satisfação envolvida. Ficamos alegres com nossas roupas, carros e acessórios. Porém essa satisfação é passageira, e logo ficamos tristes novamente. É como uma pessoa que gosta de chocolate, mas come muito e enjoa do doce. Assim precisa comer outro sabor para ter a satisfação que tinha com o chocolate.
A alegria não vem da liberdade de compra, mas sim da conexão de nossa rede.
Conexão
Somos seres sociáveis e, por causa de uma visão de individualismo, estamos perdendo o que realmente nos traz felicidade: o senso de pertencimento.
Conexão entre todas as coisas: entenda a importância de reconhecê-la
Se estamos em contato com as pessoas e sentimos que elas nos querem por perto, estaremos felizes. Se também as beneficiamos, isso gera em nós alegria, pois nos sentimos úteis para as pessoas que queremos bem. Ter esse senso de comunidade e a sensação de pertencimento nos gera felicidade.
Significado
Outro ponto é sentir que a vida tem um significado. Que estamos realmente fazendo algo que é importante para nós e para os outros. Não há necessidade de ser algo grandioso, mas sim significativo. Ter um sentido que saia de si mesmo e que se estenda ao outro nos gera uma visão maior de nós mesmos. Por exemplo, um tempo atrás conheci um vendedor de materiais de infraestrutura. Ele vendia para pequenas empresas e construtoras, que vendiam o serviço para empresas maiores.
Quando um cliente o procurava, ele tentava realmente ajudar aquela pessoa, buscando entender qual era a necessidade que seu cliente tinha. Ao longo do tempo, fez muitas amizades e disse que ajudou muitas empresas. Era uma satisfação para ele ter uma empresa que havia começado com 3 funcionários e que hoje tinham mais de 50. Ele se sentia participando de cada etapa. Seu propósito era ajudar as pessoas a gerarem mais empregos e mais oportunidades. Para ele, era algo significativo. É desse significado que estou falando.
Gratidão
Entender que estamos em uma rede, conectados a tudo e a todos, gera gratidão. Sentir gratidão é uma poderosa forma de atingir um estado de felicidade. Podemos olhar para isso agora. Como você chegou até onde está? Quem o alimentou quando era criança? Quantas pessoas já o ajudaram? Você é grato pelas coisas que aprendeu? Podemos agradecer hoje por tudo que nos foi dado e ensinado e pela oportunidade que temos que conhecer cada vez mais coisas.
Aprenda 5 novas formas de fortalecer seu autoconhecimento
Espero, do fundo do coração, que este texto ajude você em sua vida. Se estiver passando por momentos difíceis, saiba que todas as coisas são impermanentes, e até mesmo o sofrimento, em determinado momento, cessa. Precisamos então de perseverança e propósito. Mantenha seu olhar firme no horizonte e agradeça pelo que tem hoje. Isso, com certeza, expandirá sua visão para um mundo mais amplo.
Confira também: