As pessoas, em um modo geral, têm pouco controle das suas expressões não verbais. Praticamente ninguém percebe seus movimentos e expressões faciais.
Entendo que ninguém se preocupa em conhecer seu próprio rosto por não saber o quanto isso pode ser importante. Porém para as outras pessoas nossa face é extremamente importante, pois todos olham o tempo todo para ela.
Temos uma percepção melhor da expressão não verbal do outro do que de nossa própria. Quando estamos em uma conversa com uma pessoa que não conhecemos, em trinta minutos, vemos e entendemos muito mais de sua expressão não verbal, do que vimos nosso próprio rosto durante o ano inteiro.
Então entendemos que durante um diálogo com outra pessoa, quem esta de costas é você, que não se vê.
Em uma conversa face a face, as expressões não verbais, como os gestos, o tom de voz, compõe a informação que é transmitida, dizendo muito mais do que as palavras, e em algumas vezes diferem do que as palavras estão afirmando, posicionando o que se entende como intenção.
Que a partir da junção destas informações desenvolvemos nosso julgamento deste contato.
Ninguém conversa com seu próprio corpo. Por exemplo, o espelho, ele não serve para nos olharmos.
Ninguém fica em frente ao espelho para se conhecer melhor, e quando olhamos para o espelho, só vimos o que queremos, então automaticamente ao entrar em contato com sua imagem, sua expressão é alterada para uma expressão mais adequada, para que não possamos ver o que o outro vê.
O olhar no espelho sempre terá um foco. Este foco seleciona um estímulo, como um arrumar do cabelo, uma roupa, um cravo ou espinha. Assim não entramos em contato com o nosso desconhecido e assim não criamos estranhezas.
Quem nunca se estranhou ao ver um vídeo seu, ou escutando sua própria voz. Nós somos estranhos para nós mesmos. Então se não nos reconhecemos por fora, como podemos nos conhecer por dentro. Se não reconheço meu corpo, de quem ele é então?
Wilhelm Reich determina estas nossas expressões padronizadas de expressão não verbal, como “couraça muscular do caráter”. Ele diz couraça por ser uma proteção, onde a pessoa se defende e se esconde como uma armadura.
Muscular por ser feita de um conjunto de tensões musculares que se mantém de uma forma crônica. Caráter, por se tratar do jeito da pessoa, revelando suas características do que faz, sente e diz.
Já que pelo nosso corpo, mostramos quem somos, o que sentimos e o que vivemos. Nosso corpo acaba sendo nosso íntimo nossa alma. Por esse motivo também temos medo de acessar estas informações olhando para o nosso corpo.
Nosso cara é o corpo, nosso coração é nosso íntimo. Pois se entender que somos o nosso corpo, vamos perceber que quem vê cara, vê coração. E isso desconstruirá todas nossas máscaras.
Se você não reconhece seu corpo, de quem ele é então?
Reflita sobre isso e até o próximo artigo.
Confira também: