Há algum tempo atrás atendi uma pessoa que estava muito triste por ter terminado um relacionamento de quatro anos. Ela dizia que não conseguia aceitar o término do relacionamento, que amava aquela pessoa e que faria de tudo para tê-la de volta. Essa pequena história que narrei é algo muito comum de acontecer, pois confundimos a todo o momento o amor com o apego.
Quero nesse texto elucidar para você o que é o amor e o que é o apego, pois enquanto o primeiro é responsável por uma sensação de alegria, compaixão e felicidade, o último é gerador de grande sofrimento e tristeza. Por isso acredito ser fundamental explicar essa diferença e clarificar tal questão.
O amor é um sentimento que desperta em nós a felicidade pelo outro. Ficamos felizes de ver a pessoa que nós amamos feliz. O amor também gera muito trabalho, pois ele é construído. Às vezes a pessoa que você ama fará coisas que você não aprova, mas nem por isso seu amor irá desaparecer. Amar é superar barreiras e dificuldades e lutar para que o relacionamento prospere. Há um empenho de ambos na relação, uma busca pelo cuidado. Podemos muitas vezes não gostar das coisas que a pessoa faz ou das decisões que ela toma, mas mesmo assim não deixamos de amá-la. Se a pessoa decide ir embora, podemos ficar tristes, mas aceitamos sua decisão e desejamos que seja feliz onde for, pois, afinal, amar é desejar a felicidade do outro. O amor inicia em nosso coração e se conecta ao outro.
O apego por outro lado é mais fugaz. Ele parte do princípio da carência, pois a pessoa acredita que o outro é que deve fazê-la feliz. Coloca a responsabilidade de seu (sua) companheiro (a) em trazer sua felicidade. O apego gera em nós o sofrimento, por acreditamos na ilusão de que sem aquela pessoa jamais poderemos ser felizes. Isso causa cobranças, atritos, brigas e o inevitável sofrimento. Se você não consegue viver feliz sozinho (a), jamais conseguirá viver feliz ao lado de alguém, pois sua carência sufoca sua relação. O apego nasce na falta de amor por si.
Todos nós possuímos a semente do amor dentro de nós, só que muitas vezes essa semente não foi cultivada. O primeiro passo é manifestar o amor por si mesmo (a), porque somente quem se ama pode colocar esse mesmo amor para fora e direcionar para o outro. Se a pessoa acredita que sofre e que precisa de alguém para lhe fazer feliz, significa que seu amor está pequeno e precisa ser cultivado, como uma pequena semente que é regada e cuidada. Para isso precisa aumentar o cuidado consigo e o amor-próprio e desenvolver sua autoestima. Quem se ama transborda o amor para o outro e se conecta através da manifestação desse maravilhoso sentimento.
O caso acima da pessoa que atendi foi se desenrolando aos poucos, mas juntos fomos trabalhando pequenas ações de autoestima, como se elogiar, criar independência emocional, cultivar ações positivas consigo e se criticar cada vez menos. Se você cuida de seu amor, com certeza atrairá mais amor para sua vida, pois nossa mente só percebe no mundo externo aquilo que carregamos no nosso mundo interno.
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