Nascemos vulneráveis e plenos de necessidades. Como uma folha seca ao vento, somos levados, ao sabor das marés, pelas mãos dos outros. Na infância aprendemos a receber, a nos entregar, a confiar. Diferentemente de outros animais, que já nascem se pondo de pé e andando sozinhos, temos um longo caminho até aprendermos a andar com as próprias pernas. Quando finalmente nos erguemos, adultos, conhecemos outro desafio.
Somos convidados pela vida a sair da zona de conforto, do conhecido, da segurança (ou insegurança) familiar, além das figuras-fonte parentais, para criarmos nossa própria autonomia. É nos dada a tarefa de prefaciar nosso destino, de tomar as decisões por nós mesmos, de fazer escolhas levando em conta a finalidade da nossa existência.
Eis então a questão: “Você está aqui por acaso ou de propósito?”. O acaso e a necessidade da infância ficaram para trás, agora nos apresentamos como sujeitos de vontade. Aprendemos a nos cuidar, a caminhar com as próprias pernas, a pensar com a própria cabeça. Isto, quando não mais esperamos o desatualizado cuidado de outrem, a guiança, o pensamento, que venha de fora.
Dispostos a assumir a responsabilidade e a autoria, conhecemos o desafio de transformar a visão reduzida da causalidade e do determinismo, em uma visão ampliada das sincronias e das possibilidades que o universo nos oferece. Passando de uma vida causada, para uma vida causadora, vivenciando a partir daí uma jornada com propósito e sentido.
Ao invés de sermos levados pelas forças cegamente, seguimos com as forças conscientemente, as convocando e autorizando. Estar na vida “de propósito” é aprender a nos orientar a partir de dentro, é fazer as perguntas: Qual minha tarefa na vida? Aonde desejo ir? O que preciso para me unificar para chegar até lá? A confiança e a entrega servem à vontade do sujeito, que pode deixar de ser por acaso, e ser, com ênfase, de propósito.
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