Durante minha carreira como psicólogo, quando meus pacientes questionavam sobre seus filhos, eu fazia esta pergunta e 90% dos pais depois de alguns minutos de sessão, percebiam que não observavam seus filhos.
O olhar para as crianças vai muito além do que o físico, da simples visão e sim de observá-la como ela é, e não como um sujeito dependente, ingênuo, que não pode te oferecer conteúdo algum.
Vejo que os pais estão mais preocupados com o comportamento socialmente aceito, que seus filhos estão reproduzindo, do que, O QUÊ todo este comportamento carrega de evolução e desafio para esta criança. E assim acabam interrompendo, com uma punição, a criatividade, a naturalidade única, a originalidade que esta criança está desenvolvendo em sua personalidade e características únicas.
Se um dia você for a um local onde as crianças tem liberdade, vai observar que, de uma forma natural e espontânea, elas conseguem estabelecer uma comunicação social em que há liderança e até solucionam problemas, para que a brincadeira seja realizada. E nesse movimento lúdico e sem comprometimento algum, a criança consegue desenvolver ferramentas cruciais que vão auxiliar em seu autoconhecimento e autoestima. E me pergunto o porquê de os pais não estarem tão atentos a isso.
Os pais acabam olhando para seu filho como uma avaliação de trabalho, para as outras pessoas em que carrega sua competência e habilidade de educar. E acabam não observando seu filho e sim, vendo nele, uma possível critica dos professores da escolinha, dos avós pontuando como tem que ser feito, do vizinho reclamando do barulho, das pessoas no shopping ou no mercado cochichando e vários outros públicos com o potencial de avaliador.
Então como bons pais que querem ser, oferecem toda uma oportunidade que não tiveram. Acabam colocando a criança no curso de inglês, espanhol, francês, natação, futebol, balé, música, xadrez, etiqueta, robótica, e esquecem do tempo para a criança simplesmente brincar e ser criança.
Percebi com estudos e prática que o modelo de família patriarcal, ao qual ainda tem influência nos dias de hoje, subestimam muito a capacidade das crianças, impondo regras sem muitas explicações. E não percebem que é muito importante esclarecer os motivos dos limites e atividades impostos.
Alguns acabam tentando poupar o filho, físico e emocionalmente, para ele não correr o risco de se machucar, e não percebem que um mundo ao qual não tenha dor e sofrimento, não existe, e que uma superproteção, acabada atrapalhando no desenvolvimento dele.
Crianças superprotegidas sempre têm os pais para fazerem por ela, e acabam não aprendendo como agir no meio em que vivem. É comum uma criança recuar frente a uma dificuldade, mas em algum momento ela terá a iniciativa de enfrentar esta barreira e ao superar este obstáculo, ganhará uma confiança para as próximas, obtendo um amadurecimento.
Então diante de todas estas informações, levo para todos os pais, o desafio de começarem a observar seus filhos, e vocês terão uma surpresa ao perceber o tamanho do potencial que cada um tem.
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