Em uma sociedade que nega a infelicidade, onde precisamos ser belos, atléticos, bem-sucedidos, felizes e tranquilos, não temos espaço para lidar com nossas limitações e ansiedades. De maneira geral, negamos nosso sofrimento e fingimos que ele não existe. A medicalização da vida é algo que muitos psicanalistas vêm abordando, pois é mais fácil neutralizar os sintomas da ansiedade e da depressão, do que lidar com as causas internas.
Quando nos deparamos com o sofrimento, simplesmente o negamos e queremos passar rapidamente por aquele momento. Não queremos entender o que se passa conosco e porque essa dor ocorre. Algo muito corriqueiro, que ocorre em nossa sociedade é a busca por psicofármacos que preencham esse vazio interior, que possibilitem uma diminuição dos sintomas desse vazio interno que corrói a alma
Essa falta de olhar interior fez com que cada vez mais deixássemos de buscar em nós as razões de nossa infelicidade, atribuindo a causas externas o nosso infortúnio. Assim, perdemos a capacidade de nos responsabilizar por nossa vida e gerar as mudanças que queremos. Como podemos mudar se precisamos que tudo a nossa volta mude primeiro?
Função do sofrimento
O sofrimento é nossa tendência a repetir, a não aceitação da vida e a perda de coisas que nos geram satisfação. Entretanto, o sofrimento é nosso sinal de alerta de que alguma coisa não está indo bem, de que há algo errado. Ao olharmos para nosso interior, podemos enxergar os problemas que nos afligem, mas pode ser que não consigamos olhar a saída. Isso ocorre porque há um estreitamento de visão, de possibilidades de ação. Entram aí a busca por terapia, por alguém que possa ampliar nossa visão sobre a situação e sobre nós mesmos.
Contudo, muitas vezes, buscar esse tipo de ajuda pode ser pejorativo para algumas pessoas. Por exemplo, lembro que certa vez falava com um amigo que me comentava sobre uma casa de eventos. Disse a ele que era perto de onde eu fazia terapia. Esse, assustado me diz: “Você está com problemas? O que aconteceu?” Veja, o quanto há de surpresa em sua fala, simplesmente por eu fazer terapia. Minha resposta foi muito simples. Disse a ele que todos temos problemas, e eu estou apenas buscando ampliar a visão dos meus.
Você está apegada ao sofrimento? Descubra!
Fazer terapia entrou em algo como, você tem um grande problema, quando muitas vezes deveria ser como ir ao médico. A diferença é que estamos acostumados a tratar nosso corpo e cuidar de nossa situação física. Em contrapartida, deixamos de olhar para nossas emoções e para nossa saúde psicológica.
O sofrimento nos lembra de que precisamos voltar nossa atenção para nossa mente, para nosso coração e para os problemas que os afetam. Enquanto buscarmos fora aquilo que nos falta internamente, estaremos apenas aumentando o sofrimento. O concreto não pode preencher aquilo que faz parte do simbólico. Em outras palavras, um carro novo não pode preencher a falta de amor, a carência ou um sentimento de perda.
Somente quando aprendermos a cuidar de nossa mente e coração é que iremos crescer com nosso sofrimento. Do contrário, sofrer será nossa rotina, e o pior, sofrer sem saber o porquê.
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