Todos querem resultado e realização naquilo que fazem. Nada mais natural, pois nossas ações, assim como sementes que são depositadas na terra, ora nos dão frutos. Às vezes nos sentimos insatisfeitos com o que temos, porque sempre queremos mais. Quando partimos de uma terra, queremos chegar à outra, só que mais distante, mais além. Um desejo sem fim nos impulsiona e nos faz sair do lugar. A natureza humana é esse desejo que gera movimento. E é aí que finalmente nos encontramos: No ser que é um eterno vir a ser.
Porém, ao invés de sermos esse “desejo em movimento”, acabamos por nos tornar “desejo de estagnação”, quando queremos simplesmente resultados, e ficamos agarrados às nossas realizações. Ao viver ansiosos na busca por resultados rápidos, descuidamos dos processos e das nossas relações. Leonardo Boff fala de uma mudança necessária, do que ele chama de um “modo-de-ser-trabalho”, para um “modo-de-ser-cuidado”. Ele aponta o desafio de combinar o trabalho com o cuidado, para que esse trabalho seja inter-ação, ao invés de ser apenas intervenção.
Pense em quantas horas do dia você passa na companhia dos seus colegas de trabalho. E quantas horas são perdidas por não se investir nas boas relações com eles. Focada demais nas próprias metas, a pessoa se esquece do outro, isso quando não passa por cima dele apenas visando alcançá-las. Sartre dizia que “O inferno é o outro”, o que concordo, de fato, o outro pode ser. No momento em que nos descuidamos ou nos tornamos indiferentes, vendo-o como objeto e não como sujeito, ou na figura de adversário, no lugar de um parceiro.
Quanto tempo jogamos fora dessa forma, quando poderíamos passar nossos dias, nossas horas, nossos segundos, com mais qualidade, mais entusiasmo, mais tranquilidade. Perdemos a oportunidade de aprender e crescer junto com o outro, isolados em nossos objetivos de fins egoístas, ou exclusivistas. Apegados aos resultados, com a mera expectativa da recompensa, perdendo o prazer de viver o momento, que é único. O meio é o próprio fim, se pensarmos que é nele que vivemos.
Precisamos de muito trabalho para alcançar nossos objetivos. Então, por que não descobrir o prazer em simplesmente fazê-lo, sem nos preocupar com os resultados? Os resultados vêm naturalmente, das pequenas ações do dia a dia, que acabam por construir todas as grandes obras. “São os passos que fazem os caminhos”, nas palavras do poeta Mário Quintana. O que é importante é a coragem de cada dia dar mais um passo, pois como dizia Mahatma Gandhi:
“Não há caminho para a felicidade, a felicidade é o caminho”
A soma das pequenas sensações de prazer gera felicidade. Vive em abundância aquele que sabe ser feliz com o que tem, que é capaz de valorizar e de apreciar. Isso é o que lhe dá entusiasmo para seguir em busca do que lhe falta, ou melhor, do que mais deseja. Como um bom atleta, ele não pensa na derrota, pensa na vitória, acredita que fazendo o seu melhor os resultados virão naturalmente. Contemple a natureza, você não verá escassez, verá abundância. Ouça o som de um rio, ele fala sempre do seu destino, fluindo sem cessar.
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