Mentir não é apenas um ato condenado ética ou moralmente. Mentir gasta energia, bagunça sua vida e causa transtornos nos caminhos de quem mente. Abril passou e com ele o Dia da Mentira, dia em que costumamos brincar muito com o conceito de verdade/mentira. Estava lembrando que nos grandes tratados de ética, nas religiões e filosofias de todas as épocas, em todas as organizações sociais e políticas, existe um consenso: a mentira é um comportamento condenado e sua prática desestimulada, muitas vezes até com castigos severos. Mas nem por isso deixamos de mentir.
Imagine uma sociedade onde todos falam a verdade o tempo todo?! Tem até filme sobre isso e todas as situações constrangedoras que o excesso de sinceridade pode nos levar. Paradoxal, não? Não é preciso ser muito esperto para concluir que o convívio de qualquer grupo humano fica impossível se baseado na mentira. Por isso, para a sobrevivência da raça humana e de sua cultura, somos educados no sentido de buscar e expressar somente a Verdade. Mesmo que ela seja o que mais tememos... Mentir gasta energia. Mas não estamos aqui para filosofar sobre esse tema e sim mostrar o que poucos sabem: além de questões éticas, morais e religiosas, mentir também tem implicações bioenergéticas: gasta uma energia tremenda!
Existem aqueles que mentem tranquilamente, mas os que buscam outra ética, ficam constrangidos ao mentir, saem da situação com uma sensação muito ruim. Isso é energeticamente desgastante. Contada a mentira, começa agora uma nova etapa: a sustentação: Ô fulana, se a ciclana ligar, você confirme, por favor, que eu estava de cama e por isso não fui ao aniversário dela, viu? A lista é grande, dependendo do número de pessoas envolvidas. Sem falar que, diante da presença do outro temos de nos policiar para evitar contradições, que, por sinal, sempre acontecem, para nosso desespero! Perceba, então, que sustentar uma mentira, pode ser muito desgastante e vexatório, caso sejamos desmascarados. Portanto, vale mais à pena encarar a verdade, mesmo que magoe o outro. Assim temos, pelo menos, a atenuante da honestidade. A contradição é outro aspecto bioenergético da mentira, ao gerar energias discordantes, que podem obstruir o ritmo natural de nossas vidas.
Explicando melhor: você não foi ao aniversário da sua melhor amiga simplesmente porque não estava com vontade. Resolveu, então, ir para outro programa com amigos. Mas disse à aniversariante que estava acamada vítima de uma gripe daquelas. Isso significa que existem em seu campo energético duas realidades: você acamada e doente e outra você super bem disposta dançando e se divertindo a noite toda.
Quando mentimos, criamos no plano astral a realidade da mentira, que não existe no plano concreto, mas se materializou (sutilmente) através de nossas palavras, da história que inventamos e da imagem que fica na mente de quem é ludibriado. Essa realidade sutil da mentira se choca com a realidade do que realmente aconteceu. Caso tenhamos o hábito de mentir, criamos realidades conflitantes e mandamos mensagens dúbias para o universo. O resultado é uma vida confusa, atravancada, cheia de situações mal resolvidas, de desencontros.
Os nossos chakras entram em desequilíbrio, bem como nosso campo mental e emocional. Nosso corpo não gosta de mentira São inúmeras as publicações sobre a linguagem do corpo. Como, apesar de todos os nossos esforços, nosso corpo nos delata, mostrando nossas reais intenções. Basta saber lê-lo. São exibidas até séries de TV cujo tema principal é a mentira. Aprendemos que as pupilas se dilatam, transpiramos mais e muitos até levam a mão à boca. Ato totalmente inconsciente e, ao mesmo tempo explícito, na tentativa de deter o ato ilícito.
Para alguns, ou muitos, hoje em dia....mentir é fácil, corriqueiro e o mentiroso acaba por acreditar nas próprias mentiras, vivendo em um mundo imaginário e destruindo todas as suas relações. Mas para outros, mentir é constrangedor e isso é mostrado pelo corpo físico que se altera, contraindo-se, saindo de seu estado de equilíbrio. Como confio incondicionalmente na inteligência corporal, essa é para mim a maior prova de que mentir não é a melhor saída. É nosso corpo quem atesta! A verdade é para o outro.
O problema é que somos educados para dizer a verdade para o outro. Somos condenados e até punidos quando mentimos para o outro. Mas nossa sociedade não é tão severa e punitiva quando mentimos para nós mesmos, quando relutamos e fugimos da nossa verdade pessoal. Muito pelo contrário, somos estimulados, em todos os momentos a comprar e consumir pacotes de felicidade instantânea e duvidosa.
Veja, a seguir uma curta lista de mentiras que aprendemos a tomar como verdade, desde pequenos, e o pior! Impunemente.
- Não sou boa o bastante - A Vida é perigosa - Se você não for uma boa menina, os outros não vão te amar - Não podemos confiar nas pessoas - Dinheiro não traz felicidade - Não podemos magoar os outros - Sua mãe e seu pai sabem o que é melhor para você - Não vale à pena trocar o certo pelo duvidoso - Até que a morte os separe. - Tudo para mim é difícil - É muita areia para o meu caminhãozinho somente as magras são bonitas - Não é seguro expressar nossos sentimentos - A vida é assim mesmo e temos de nos conformar - Foi Deus quem quis - É tarde demais para... - Já estou velha demais - Não mereço tanto - Nesta idade não arrumarei mais emprego - A segurança está em um bom emprego, acumular bens e ter um casamento sólido - Ruim com ele, pior sem ele - Homem só pensa naquilo - A carne é fraca (a dos homens!) - Mulher não é amiga de mulher - Papai do Céu vai ficar chateado - Ele não vai gostar de mim por causa da minha celulite - Seriedade e responsabilidade não combinam com alegria e descontração - Mulher que admite gostar de sexo não é séria - Flexibilidade e sensibilidade são fraquezas - Eu nasci assim e não é agora que vou mudar! - É melhor não se entregar para não sofrer mais tarde - Estão sempre querendo puxar o nosso tapete
E de verdade em verdade, ou melhor, de mentira em mentira, nos afastamos da essência da vida. Na medida em que nos guiamos não pela experimentação e pela nossa sensibilidade e sim por regras fixas e questionáveis, impostas pela experiência alheia, vamos criando uma camisa de força, nos imobilizando, impedindo assim o livre fluir da vida. E o resultado dificilmente será a felicidade.
Melhor seria consultar, sempre, as vozes do nosso coração e aprender que o que é bom para um não será necessariamente bom para todos e o que deu certo numa determinada situação pode não se mostrar tão eficiente em outro momento. Precisamos, então, a cada instante refletir, sentir e intuir para fazer sempre o nosso melhor e descartar de vez respostas prontas e cartilhas do bem viver. Dá trabalho e requer responsabilidade para assumir nossas escolhas, mas é o caminho mais curto para a plena realização. Espero que chegue o dia onde todos nós aprendamos a VIVER A NOSSA PRÓPRIA VERDADE!!!
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