Em nossa atual conjuntura, acreditamos que somos seres separados do meio. Olhamos para os rios, florestas, lagos, mares, montanhas e pensamos que somos separados dessas coisas. Como se, de alguma forma, pudéssemos viver sem os mares, montanhas, vales e rios. Uma separatividade que, se olharmos mais de perto, constataremos que não existe. Se nos dermos conta disso, veremos que o reconhecimento dessa conexão nos trará mais felicidade, deixando de lado um dos principais fatores que nos produzem sofrimento: a noção da separação.
Entretanto não somos seres separados do ambiente. Estamos em conexão o tempo todo com tudo que nos cerca: nossos amigos, familiares, ambiente. Influenciamos e somos influenciados por isso.
Quando não reconhecemos essa conexão, olhamos o mundo não como uma rede conectada, vemo-nos como um indivíduo no mundo, separados por uma visão de “o mundo e eu”, “os outros e eu”. Essa visão nos faz acreditar que há uma competição, que precisamos sair da média e que necessitamos nos diferenciar. Isso faz com que nos isolemos e acreditemos que precisamos pensar primeiro em nós antes de olhar para os outros.
Esse tipo de lógica também possibilita que predemos o ambiente e devastemos a natureza, trazendo a extinção de animais e sofrimento de outros seres, pois, afinal, eles não são nós. Contudo vamos nos isolando de nossa rede cada vez mais, fazendo mal para nós mesmos e também para os outros, que se afastam. Vamos perdendo essa conexão com os outros e criamos espaços mentais de isolamento. Perdemos a conexão com o ambiente e as pessoas a nossa volta.
Porém essa prisão, de fato, não existe. Ela é criada em nossa mente quando achamos que somos seres únicos vivendo em um lugar. Na verdade, somos parte de um sistema, de todo um meio ambiente. Na cultura Guarani, por exemplo, eles não se veem protegendo a natureza, eles são a natureza e, por essa razão, cuidam dela. Se tivermos essa visão – de que estamos todos conectados –, cuidaremos uns dos outros e de todo o ambiente que nos cerca.
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Não é difícil ver essa conexão. Pense em como você viveria sem a água, sem o ar ou sem a terra que provê o alimento. Veja também o quanto a sociedade nos influencia. Os amigos, parentes, representações sociais... estamos sempre em conexão com tudo. Se olhamos com esse olho de tudo conectado, buscamos sempre levar benefícios às pessoas e seres. Essa intenção é sentida pelas pessoas que estão a nossa volta. Isso aumenta nossa conexão e fortalece nossa rede.
Nosso fluir pelo mundo é facilitado quando pensamos em beneficiar nossa rede, nossas conexões. Quando olhamos e entendemos essa conexão, não há espaço para o sofrimento e o olhar raso do “primeiro, eu”.
Sim, você não está sozinho – nunca esteve – e sempre está em conexão com tudo e com todos. Não somos seres isolados vivendo em um mundo, nós somos este mundo. Precisamos contemplar nossa realidade, nosso contato com as coisas, vendo de maneira mais ampla que a nossa felicidade depende de como estamos nós, todos nós.
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