Quem mora em casa com área externa certamente já se beneficiou das propriedades de várias plantas espalhadas pelo quintal. Bastante utilizadas na famosa medicina popular, essas plantas já fazem parte da rotina de cuidados de saúde de muitas pessoas. E uma das mais conhecidas e usadas é a quebra-pedra, uma planta que cresce de forma espontânea em locais úmidos e com sombra, como muros e terrenos baldios.
Quebra-pedra é o nome vulgar de várias espécies pertencentes ao gênero Phyllanthus, também conhecida como arrebenta-pedra ou erva-pombinha. É muito utilizada na forma de chá para combater os cálculos renais – as populares pedras nos rins.
Essa planta é nativa das Américas, mas também pode ser encontrada na Europa. Ao redor do mundo, há 700 espécies diferentes da quebra-pedra. Só no nosso continente, são cerca de 200. E aqui no Brasil, as mais comuns são Phyllanthus niruri (mais frequente), Phyllanthus amarus e Phyllanthus tenellus.
Para que serve a quebra-pedra
O chá da quebra-pedra é usado para prevenir e tratar os cálculos renais. Apesar do nome “quebra-pedra”, a planta não tem a capacidade de quebrar um cálculo. Aliás, afirma-se que esse nome tem relação com o fato de a planta ter facilidade de brotar através de rachaduras ou frestas e crescer normalmente.
Mecanismo de ação da planta
Estudos conduzidos por pesquisadores da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) revelaram que a quebra-pedra contém substâncias que conseguem impedir que cristais de oxalato de cálcio – componente mais comum dos cálculos – se acumulem nos rins. Melhor explicando: sob a ação dos princípios ativos dessa planta, esses cristais não conseguem se aderir uns aos outros, evitando, com isso, a formação de cálculos maiores, que são mais difíceis de ser eliminados de forma natural e podem provocar dores intensas. Ao inibir essa aderência entre os cristais, a quebra-pedra não só impede o crescimento dos cálculos como também impede que novos se formem.
Mas não para por aí. Estudos sugerem que a infusão dessa erva também tem o poder de relaxar o sistema urinário, facilitando, dessa forma, a eliminação dos cálculos. E a vantagem, segundo os pesquisadores, está no fato de que é um tratamento mais acessível, natural e que não traz o risco de toxicidade.
Muito além do cálculo renal
Além dos benefícios já comprovados no trato de pedras nos rins, em um estudo realizado por pesquisadores de Manaus e da Universidade de Campinas (Unicamp), a quebra-pedra também se mostrou promissora no combate à leishmaniose cutânea e à doença de Chagas.
Isso se deve ao fato de que a planta é rica em flavonoides (poderosos antioxidantes), alcaloides (compostos usados em medicamentos e com diversas utilidades), ácido ricinocleico (ácido graxo com propriedades anti-inflamatórias) e lignanas (fitoquímicos capazes de proteger o organismo de doenças graves, como o câncer).
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Nesse estudo, os pesquisadores isolaram 12 lignanas bioativas presentes nas folhas da espécie mais comum no Brasil (Phyllanthus niruri). Essas substâncias apresentaram ação antiprotozoária considerável contra os parasitas que causam essas duas doenças. E o mais importante: essas lignanas apresentaram baixa citotoxicidade nas células hospedeiras desses parasitas. Essa descoberta é bastante significativa, já que os tratamentos antichagásico e leishmanicida envolvem medicamentos de alta toxicidade.
Um futuro promissor
Há uma série de outros estudos científicos que apontam um futuro promissor para a quebra-pedra como matéria-prima no fabrico de uma variedade de fármacos, com foco no tratamento de diversas patologias.
Um desses estudos – desenvolvido pela Faculdade de Engenharia de Alimentos (FEA) da Unicamp e tendo como base a espécie Phyllanthus amarus – indicou que as lignanas da planta têm propriedades anti-inflamatórias e hepatoprotetoras. Além disso, descobriu-se também uma ação esquistossomicida – que é a capacidade de combater o agente causador da esquistossomose.
A Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) conduziu um estudo com a Phyllanthus niruri, indicando que essa espécie tem propriedades antioxidantes, sendo útil no combate aos radicais livres.
Também foram feitas pesquisas fora do Brasil acerca dos benefícios dessa planta. Uma delas, realizada pela PUC-Valparaiso (Chile), apontou capacidades antimicrobianas da quebra-pedra no tratamento contra a H. pylori, bactéria associada a problemas como a gastrite.
Entre outras propriedades analisadas em diversos outros estudos, a quebra-pedra se mostrou um relevante anti-inflamatório e gastroprotetor, além de um bom coadjuvante no tratamento da hepatite B e na redução da absorção da glicose.
E tem mais: tanto a Phyllanthus niruri como outras espécies se mostraram promissoras na prevenção da metástase de alguns tipos de câncer. Uma pesquisa publicada na revista científica PLOS ONE sugere que os polifenóis da quebra-pedra ajudam a prevenir a invasão, migração e adesão das células cancerígenas. Já em outro estudo, conduzido por brasileiros e publicado no World Journal of Gastroenterology, a planta se mostra capaz de inibir o crescimento de células cancerígenas nos cânceres hepático e colorretal.
Como consumir
Se você deseja aproveitar, por ora, efeitos diuréticos e protetores dos rins proporcionados pela quebra-pedra, separamos aqui uma forma de preparo bem simples, com a infusão da planta.
Mas lembre-se: ser natural não significa que seja inofensivo para a saúde. Jamais consuma o chá de qualquer erva sem antes consultar um médico, para que ele possa atestar a real necessidade do uso e também descartar qualquer possibilidade de alergias ou reações. A quebra-pedra é uma planta medicinal, portanto não consuma se você não tiver certeza de que pode.
Ingredientes:
1 litro de água
20 a 30 gramas de folhas de quebra-pedra secas
Ferva a água e depois adicione as folhas da erva, deixando em infusão por até 15 minutos. Depois é só consumir. Para dar um sabor, você pode adicionar suco de limão.
Ainda há muito o que se pesquisar sobre os efeitos e benefícios da quebra-pedra para o nosso organismo, para além da prevenção dos cálculos renais. Fato é que a natureza é um verdadeiro laboratório à disposição da humanidade e capaz de prover a cura para uma infinidade de doenças. O caminho é longo, mas os achados têm sido promissores, graças à biodiversidade e ao trabalho da ciência. Portanto, como sociedade, temos duas missões fundamentais: incentivar as pesquisas científicas e preservar a natureza.
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Equipe Horóscopo Virtual