Escrevi este texto pensando na tristeza que vi durante o último feriado de finados, este que fala dos mortos. Cutucando de perto a dor que muitos dos entes queridos em plena sofreguidão, mesmo depois de anos da perda, que me parece ser a que mais nos faz sofrer a que mais nos causa pesar.
Este tema me remeteu a pensar sobre onde e quando começamos a trabalhar com as perdas e de como continuamos a lidar com elas durante toda a vida.
Até mesmo quando é uma “morte anunciada” ela sem dúvida vai chocar – doer – deprimir e nos põe a chorar e sofrer por longos períodos. Talvez esta seja a frustração mais difícil ou mais forte de ser encarada na vida dos entes queridos que fiquem convivendo com a ausência daqueles que partiram.
As frustrações em geral fazem parte do caminho de qualquer um. São os espinhos que fazem parte da vida. Jamais nos afastamos deles durante o caminho, o que fazemos é administrá-los, o tempo todo. Porque as frustrações vão existir quase que em todo o percurso, por algum motivo.
Expectativas menores podem ajudar a se ter menores frustrações, uma não consegue andar sem a outra, expectativas altas estão sempre de mãos dadas com as frustrações. É a lei da infelicidade!
Aprendemos sempre com as pequenas frustrações.
Desde a primeira infância, é lá que começamos a nos frustrar e a aprender a lidar com a vida como ela é, e, que nem tudo é como queremos que seja, embora às vezes até pareça; não é assim! E é preciso educar para isso.
Dizer ‘não’ frustra também aos pais, por conta disso se torna tão difícil dizê-lo sempre que é necessário. A marcação tem de ser cerrada quando se educa. As crianças são danadas e vazam como água pelo vão dos dedos quando se trata de deixar os pais sem saída com as gracinhas e charmes de manipulações que fazem.
Afinal são pais e de carne e osso! Não homens e mulheres de lata e sem coração! Mas educar é ter que passar por cima das gracinhas e entender as artes e as manhas dos pequeninos e mesmo assim saber dizer não, para poder ensiná-los a enfrentar a vida, a andar pelo caminho espinhoso que estará pela frente.
Aprendemos das pequenas para as grandes frustrações é assim que vamos tentando nos fortalecer.
O limiar de frustração vai se “alargando” digamos assim. Em casa podemos ensinar isso de forma bem mais tranquila aos pimpolhos.
Se você fizer a lição – vai ganhar tal coisa - Não ter remunerações pelas pequenas tarefas da vida diária realizadas em casa, por exemplo? A questão é: É mesmo necessário? Precisam de remuneração os pequeninos? Um bom abraço, um beijão, um carinho destes deve ser um bom pagamento aos pequenos.
Aprender a colaborar com a família, fazendo tarefas que são suas com seus brinquedos e seus pertences o que desde cedo já sabem fazer, colaborando com o conjunto, com o todo é ir entendendo que faz parte do todo, e que ele não é um ponto fora da curva. O Importante é entender que os outros não estão pelo mundo só para servi-lo.
Com isso poderemos ter uma possibilidade de “esticar” o limiar de frustração durante a vida toda, e encontrar adultos com maturidade suficiente para lidar com as dificuldades que a vida traz.
Talvez não para sofrer menos com as perdas emocionais e afetivas em caso das mortes dos entes mais queridos, porém poderão suportar a vida como ela é, sem precisar se destruir ou partir para destruir o mundo!
Aprender a lidar com tudo isso – ou seja, com as frustrações e viver bem e de bem com a vida - é o que chamei de crescer, deu para entender como isso é difícil, é sim, difícil mesmo, porém quando entendemos as regras do jogo, podemos jogar melhor!
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