O paradigma industrialista-materialista da civilização atual entrou em crise após alcançar o máximo do seu desenvolvimento. Surge a necessidade de mudança, num planeta que dá claros sinais de esgotamento, de incapacidade de suportar tamanha pressão humana. Existe uma real emergência humanitária, mas o sistema continua a se reproduzir num automático, como se a crise socioambiental não estivesse acontecendo. Os valores humanos decaíram quando os valores do mercado prevaleceram, quando o essencial se perdeu no mar das ilusões supérfluas e vazias do consumismo.
O ser humano se restringiu muito à esfera das coisas, dos objetos, das satisfações materiais, que como sabemos, só satisfazem por tempo limitado. Mas a pergunta é: - Para onde evoluiremos? Ou será que chegamos ao fim da linha? Se o universo está em plena evolução, como está, não existe fim da linha previsto. Precisamos então, é mudar radicalmente a informação do código genético humano, para evoluirmos algo além do mundo físico, na direção do mundo psíquico e ainda mais além, da Consciência.
O teólogo e geopaleontólogo Teilhard de Chardin, afirmava a existência da Lei da Complexidade, que leva o universo a evoluir sempre para formas mais complexas. Segundo ele, caminhamos na direção de uma interiorização e maturação evolutiva, que é a Consciência. Chardin classificou quatro estágios da evolução, que são eles: a Cosmogênese, que foi o nascimento do universo, a Biogênese, que fez nascer a vida, e a Antropogênese, quando surgiram os seres humanos individuais.
Agora, o novo salto evolutivo nos leva à Noogênese, ao nascimento da Consciência. É nessa direção, que está além do físico e do psíquico, que caminha a evolução humana na Terra, onde uma nova humanidade “ultra-sintetizada”, possui uma consciência ampliada e reintegrada à natureza, ao planeta e ao universo. Essa humanidade nascente tem Consciência Crística, capaz de se relacionar com toda a vida de forma harmoniosa, pois seus valores são fundamentados na fraternidade universal, sua ética é a “ética do cuidado” e a “ética da bênção”.
Segundo Chardin, a energia universal é uma energia pensante, e por isso, quando chegamos a esse nível de interiorização que nos leva a Noogênese, atingimos o ponto ômega da maturação da consciência humana. Esta consciência que tem a capacidade de compreender que o ser humano é um ser-em-comum, uma célula de um organismo maior, que é o universo evolutivo e convergente. Para o biólogo Humberto Maturana, a natureza é relacional e cooperativa. Ele fala da necessidade de o ser humano ampliar o seu “domínio cognitivo reflexivo”, para que possa desenvolver um novo conhecimento que seja integrado. Como biólogo, ele parte do pressuposto que existe um “fundamento biológico do fenômeno social”, que o ser humano é parte da natureza, mas que lhe falta aprender a conviver como as outras espécies.
É através desse conhecimento e dessa Consciência que poderemos incluir quem foi excluído e reintegrar-nos ao ambiente, tendo a generosidade e a sabedoria necessária ao projeto da evolução humana. O ápice do desenvolvimento material está nos apontando na direção de uma necessária evolução interior, para uma esfera ampliada de Consciência, dentro de uma nova atmosfera no planeta, onde pode haver convivência e apoio mútuo.
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