É uma bela tarde de segunda-feira quando percebo, de olhos fechados, uma luz entrar pelas janelas de meus pensamentos e, de alguma maneira, me fazer sentir os mistérios que vêm ornar as qualidades da vida interior. Escuto a canção “Esotérico” de Gilberto Gil e penso nos “mistérios que sempre hão de pintar por aí”. Esses que dizem que quando pensamos de modo saudável nos tornamos saudáveis; e que quando nos deixamos levar pela leveza das canções da natureza nos tornamos leves também. É bem verdade que nós somos vida e a vida, meus amigos, não tem limites. Está sempre renovando seu estoque de mistérios ilimitados. Mistérios que sempre hão de pintar por aí...
Sabe, penso que o mundo tem nos ensinado a correr, a trabalhar duro, a sair em disparada contra o tempo, nos esforçar ao máximo e lutar perdidamente em cada centímetro do caminho. E na maioria das vezes em busca do pódio, com garra e muita guerra, em detrimento da derrota do outro e de muitos. Talvez esses sejam os reflexos de nossa guerra interior, verdadeiro espelho de nossa derrota interna e subjugação excessiva aos poderes de fora e do mundo. Muitas vezes obcecados pela busca desenfreada deixamos de olhar no lugar mais óbvio: dentro de nós mesmos.
Enquanto o sol se esconde por detrás das montanhas, ou melhor, por detrás dos grandes edifícios e da fumaça dos automóveis, quero partilhar alguns sentidos e sensações que a natureza nos ensina. Se observarmos a terra e ouvirmos a natureza, reconheceremos que ela possui uma grande sabedoria para nos ensinar. Sabe por que? Porque quando ela está em seu fluxo natural não há pressa, existe ali apenas a fluidez e a paz. Nós, seres humanos, acostumados com o alvoroço, apertamos o passo e cavamos onde antes havíamos plantado uma semente, para ver se já foi germinada ou se já tem algum fruto. Essa atitude pode até ser normal, mas não é da natureza.
A natureza respeita e sabe que tudo tem o seu tempo e seu jeito certo de ser. E que o único caminho capaz de levá-lo à consciência é o seu próprio caminho, que é único. Uma sugestão da natureza que ouvi hoje: “A paz é o caminho mais saudável”. Uma outra coisa importante que precisamos deixar sair da esfera do conhecer e ir para a esfera do vivenciar organicamente é que o amor suscita amor e isso é muito saudável. Amar-se para amar. Viver para ser vida. Sentir para ser.
O que estou alimentando dentro de mim?” É uma pergunta que sempre me faço com a intenção de prestar atenção a quantas anda minha consciência. Porque se formos honestos conosco mesmos haveremos de supor que ainda estamos muito condicionados pelo mundo; e a pergunta, para mim, desperta muitos mistérios. Conduz-me à sensação da possibilidade de ser natural, de reconhecer que a verdadeira magia é realizada no caldeirão da nossa mente.
Sim, podemos aprender com nossos amigos, assim como podemos aprender com aqueles que acreditamos não serem tão amigos assim. Mas escute o que a natureza diz: “você também pode aprender consigo mesmo, com sua própria natureza!”. Por favor, observe. Preste atenção às suas sensações, tente ouvir o que elas dizem. O que dizem os seus exageros, as suas negligências, os seus incômodos. O que eles ensinam? O que eles querem dizer? Escute a natureza, ela ensina...
Lembro-me que certa vez um sábio disse: “É melhor olhar para dentro de nós mesmos que para o óbvio”. Pode parecer repetição, mas escute, escute realmente seu coração, seu corpo, seus sentimentos, pois um canal intuitivo abre-se nessa magia da consciência, nessa magia natural.
Reconheço que somos um misto de realidades misteriosas e mistérios realizados. E que ótimos mistérios sempre hão de pintar por aí. Somos um ser eterno que, nesta vida, optou por viver num planeta físico e num corpo material; mas, somos além de tudo isso, representantes do Grande Mistério.
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