O cenário se repete: uma mulher linda, inteligente e bem-sucedida conhece um homem. Ele não é tanto assim – nem tão bonito, nem tão inteligente, nem tão bem-sucedido. Ela se envolve, eles se casam. Ele dá a ela o que ela queria: um relacionamento, talvez filhos. Ela dá a ele tudo que consegue e pode. Levanta a carreira, paga sessões de botox e ensina inglês.
Alguns anos depois, ela é uma mãe de família cansada, estressada e com um trabalho que parou de deslanchar no minuto em que o conheceu. Ele, então, vai embora, alegando que ela não é mais a mesma. Eu, contando essa história assim – e com certeza você já ouviu essa história antes –: quem é o culpado?
Pois é, acertou quem disse que é ela. Ah! Vamos substituir a palavra culpa – que é muito forte – por responsabilidade. A responsabilidade é dela, que permitiu que toda a sua energia fosse retirada por outra pessoa. Um relacionamento que saiu caro, muito caro para ela.
Não se enganem achando que isso só acontece com as mulheres. Acontece com homens também, mas é mais difícil. Isso porque estamos destinadas – culturalmente – ao matrimonio e à maternidade. E quando uma mulher usou a sua energia em si mesma por muito tempo e, em razão disso, ficou sozinha ouvindo as tias no Natal chamando-a de solteirona e reservando-lhe um lugar na mesa das crianças, ela acha que fez tudo errado. Quando essa mulher encontra alguém que finalmente a aceita – já que ela mesma não consegue fazer isso –, ela abre. Abre a vida, o coração, a conta bancária. O cidadão fica lá, melhorando a própria vida, enquanto ela tenta dar conta de oitocentas coisas ao mesmo tempo, pensando: “É assim mesmo”.
Não é assim mesmo. E sempre que doamos nossa energia demais, a vida vai cobrar isso. Pode demorar 4 meses ou 23 anos, mas um dia a conta chega. Ou ele aproveita a chance e se torna alguém legal – homem com potencial – ou gruda e continuando sugando até o final dos dias. O resultado são mulheres perdidas, cansadas, traídas e sendo humilhadas. A receita do relacionamento abusivo.
Lá pelas tantas, a história se repete. Vem uma separação, porque ela não aguenta mais ou, segundo ele, virou uma chata. O papel de mãe cansa os dois. Não é um crescimento conjunto, é um crescimento unilateral. Alguém sobe, para alguém descer. Mas e aí? O que fazer?
O que fazer? Perceber o erro e mudar. Reencontrar-se como pessoa, como mulher. Entender que parte foi aniquilada com o relacionamento e trazê-la de volta. Renovada, refeita, com uma nova energia maravilhosa. Em todos os casos que eu atendo, assim que a mulher volta a ser ela, a vida muda para melhor. Novos relacionamentos, novos ganhos financeiros. Ela estará de novo no jogo. Mas o melhor é perceber esse tipo de armadilha antes. Não derramar a sua energia como uma calda por cima de outra pessoa – cônjuge, filhos, pais –, e sim mantê-la em si. Entender que a sua energia é sua e única. E não pode ser dividida. Você pode – quase deve – ajudar as pessoas que ama. Mas não por esse preço. Esse é um preço caro, pelo qual nem sempre dá tempo de pagar.
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