Em condições ideais (um céu sem nuvens e sem interferências luminosas), somos capazes de visualizar 8.500 estrelas no céu noturno a olho nu. Dentre todas essas estrelas, é possível traçar constelações e até mesmo usá-las como bússolas para navegação. E nesse gigantesco espetáculo celeste, uma estrela se destaca: Sirius, a principal estrela da constelação Canis Major.
Sirius é a mais brilhante estrela do céu noturno. Sua magnitude aparente - a forma de calcular quão brilhante é um astro em relação ao outro - é de -1,46. Quanto mais brilhante uma estrela, menor o seu valor de magnitude. Como comparação, o Sol tem magnitude aparente de -26,74, a da Lua é -12,6 e a magnitude de Canopus, a segunda estrela mais brilhante, é de -0,72. O próprio nome “Sirius”, indica a importância desse astro: é derivado da palavra grega ‘seirious’, que significa brilhante.
Na verdade, Sirius faz parte de um sistema binário: duas estrelas brancas orbitando entre si. A principal, a que podemos ver a olho nu é chamada de Sirius A e tem 2,5 vezes a massa do nosso Sol e 1,7 vezes seu diâmetro. Sirius B, a estrela secundária do sistema é uma anã branca, milhares de vezes menos brilhante. Uma das questões envolvendo Sirius é a de que haveria uma terceira estrela orbitando o já conhecido sistema binário, mas isso ainda não foi confirmado.
Sirius está localizado a 8,57 anos-luz da Terra. Em termos cósmicos, é uma estrela bastante próxima. Mas, a 4,37 anos luz de distância, é Alpha Centauri que está mais próxima de nós, além de ser também a terceira estrela mais brilhante do céu noturno.
O brilho intenso de Sirius contribuiu para que, nas mais diversas partes do mundo, uma vasta mitologia fosse atribuída a estrela. No Egito, com o nome de Sothis, a estrela era adorada como divindade, relacionada à deusa Isis. Seu nascer helíaco (o dia no qual a estrela é visível pouco antes do nascer do Sol) ocorria antes da cheia anual do Nilo e do solstício de verão e foi base para a criação do calendário egípcio. Os gregos previam condições meteorológicas com base na aparência de Sirius: quando a estrela cintila, é sinal de verões quentes e secos, ou “dias de calor do cão” como eram conhecidos.
Em Roma e na Ilha de Ceos, Sirius era protagonista de celebrações e sacrifícios, em geral desejando sorte e temperaturas amenas. Na mitologia zoroastriana, Sirius era Tishtrya, a divindade que trazia chuva. Para os polinésios, no hemisfério Sul, a estrela era usada para navegação e marcava o solstício de inverno. No Havaí, era celebrada como Ka’ulua, a Rainha do Céu.
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