Desde o início do nosso nascimento, para que pudéssemos compreender tudo o que acontecia à nossa volta, os nossos cérebros fizeram fantásticos registros por meio de sensações, imagens, cheiros e outros. E para cada nova percepção, um novo símbolo de cognição foi sendo criado formando tanto o modo como nos entendemos, como o modo que concebemos a realidade.
Seja lá quem nos inventou, fez um arranjo de sobrevivência ímpar para que as nossas máquinas biológicas pudessem construir suas jornadas nesse meio.
A soma de várias experiências e simbolismos referentes às determinadas vivencias, formam o que costumo nomear de bolo perceptivo, repleto de significados vinculados às percepções iniciais que cada um teve sobre os eventos de início de vida. Para alguns uma porta pode significar apenas e tão somente uma divisão entre dois recintos, uma passagem para uma outra sala ou mesmo a entrada para algum local, mas dependendo da qualidade das experiências vivenciadas com portas, os simbolismos podem variar drasticamente. Ideias simbólicas sobre este tema de exemplo é o que não faltam, para muitos uma porta aberta pode significar acolhimento, para outros a mesma porta aberta pode significar o medo do desconhecido e por aí vai...
O que eu quero dizer com tudo isso?
Quero dizer que as nossas mentes são altamente criativas, particulares e únicas. Quero dizer também, que existem simbolismos universais, mas não só e que cada um, ainda que inconscientemente, faz uso de tais simbolismos conforme as experiências de vida os afetaram.
Em nossas atualidades, a maioria de nós está em grande parte do tempo, se não em todo ele, transitando pela vida inconscientemente, como se estivessem passando por algum transe hipnótico, em um sonambulismo crônico, imersos em simbolismos criados pela mente no início dos tempos e que embora ainda em funcionamento, caíram no esquecimento porque quando foram criados, muitas das funções cognitivas ainda nem estavam totalmente formadas ou mesmo despertas. Agimos mediante aos simbolismos aprendidos e sedimentados pelas nossas máquinas biológicas em um tempo que desconhecemos e na medida em que vamos crescendo, tais captações sobre a natureza da realidade podem nos trazer inúmeros transtornos enquanto não os desvendarmos.
São simbolismos arcaicos que nos ajudaram a sobreviver e que nos ajudaram a chegar onde estamos, mas que hoje precisam ser revelados e atualizados porque estão provocando falhas em nossos sistemas, e o pior, falhas no melhor que podemos ser... Muitos deles se criaram em nossas mais tenras idades e na atualidade embora racionalmente deixem de fazer sentido, comandam inúmeras das nossas ações e reações nos impulsionando a agir de modo cego, nos fazendo vivenciar situações indesejadas sem que possamos entendê-las ou mesmo mudá-las. Ainda quando conseguimos nos perceber ficamos como espectadores impotentes de tramas existenciais que sequencialmente vão se repetindo.
Histórias dessa ordem é o que não faltam! Você mesmo deve passar por muitas. Não tem quem não passe por elas. Ou sempre briga com chefes, ou é submisso demais, ou tem pânico ao ver baratas... Todas essas situações são reflexos de simbolismos que nos dizem algo que as nossas mentes racionais desconhecem. O mesmo ocorre quando estamos sonhando e passamos por algo bizarro, mas que no sonho apesar de difícil de vivenciarmos, não o codificamos como sendo um símbolo e sim como um fato plenamente viável, porém ao acordarmos, temos plena certeza de que a situação era impossível de acontecer e que certamente teria algo simbólico a ser revelado e resolvido nas imagens agora vistas como desconexas.
Na vida real, o mesmo acontece... Que tal ousarmos despertar em todas as áreas das nossas vidas e termos mais autonomia sobre o nosso existir?
Quanto mais despertos, melhor!
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