Um dos pontos fundamentais para a felicidade é o contato com o outro. Quando estamos autocentrados, não damos a oportunidade de beneficiarmos os outros e isso nos fecha muitas portas. Para explicar a importância de sairmos dessa situação, vou explicar o que é esse autocentramento e como isso interfere em sua vida, pois talvez você esteja pensando que esse texto serve para muitas pessoas, mas não para você.
O terceiro inimigo
O autocentramento ocorre quando há falta de compaixão. É quando pensamos que nosso sofrimento é maior que o dos outros, que nossas exigências são mais importantes que as do outro, que nossas opiniões são sempre mais corretas que as do outro. O autocentramento ocorre pelas outras duas causas anteriores (avidia e apego). Avidia gera apego e o apego cria o autocentramento. Ficamos apegados em nossos problemas, em nossas opiniões e isso nos cega para ver a realidade do outro, de entender o outro no mundo dele. Fixamos a mente em querer que o mundo se comporte de acordo com a nossa realidade e já não conseguimos gerar benefícios para as outras pessoas. Ao não gerar benefícios para as pessoas, acabamos diminuindo os nossos méritos, criando assim mais dificuldades em nossas vidas.
Sem a qualidade de enxergar o que se passa no mundo do outro ficamos cegos para as qualidades dessa pessoa e isso gera problemas em nossos relacionamentos. Logo perdemos contato e não conseguimos sintonizar com o outro. Assim os nossos relacionamentos se deterioram. Quando falo de relacionamentos, não me atenho apenas à questão do casal, vejo isso em uma questão mais ampla, em todas as relações, sejam elas familiares, de amizades ou até mesmo profissionais. Se conseguirmos olhar o outro em seu mundo, passamos a gerar benefícios para as pessoas e todas as nossas relações prosperam.
Os relacionamentos são uma parte importante de nossa vida e não podemos ignorá-los e nem nos fecharmos em bolhas. Um dos principais problemas de nossa sociedade é que, por causa do apego e do autocentramento, amamos cada vez mais as coisas e para alcançar essas coisas acabamos usando as pessoas. Quando saímos do autocentramento, notamos que todas as coisas existem para os seres e eles não estão a serviço das coisas. Se despertamos dessa forma, desenvolvemos uma compaixão e passamos para uma visão mais ampla. Sair do autocentramento é olhar mais do que seu próprio umbigo.
O mundo carece dessa percepção ampla, pois a maioria das pessoas reclama de sua própria sorte e lamenta pelos acontecimentos de sua vida. Ao assumir essa perspectiva ampla, a pessoa passa a ver o sofrimento do outro e não apenas o seu próprio. Pode ocorrer então que a pessoa identifique que ao ajudar as pessoas e ter isso como objetivo, isso gere energia e motivação na pessoa. Dessa forma, a pessoa aprende que pode gerar energia, motivação e felicidade através de ações virtuosas para as pessoas. Quando falo de ações virtuosas, não estou dizendo que você deve ser uma madre de Calcutá, mas sim pequenas ações que gerem sentimentos positivos no outro. Ações como desejar um bom dia, tratar com respeito, um obrigado sincero e diversas ações que lhe tiram do autocentramento.
Se você está focado somente em seus problemas, é sinal que precisa mudar o seu foco, pois quem pode lhe ajudar a sair dos problemas que hoje enfrenta são as pessoas que estão ao seu redor, mas para isso precisa levantar sua cabeça.
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