Dando continuidade sobre os 3 maiores inimigos da felicidade vamos falar nesse artigo sobre o segundo grande inimigo. Essa armadilha já abordei em outros textos, mas nesse quero mostrar como a grande maioria de nossos problemas acontecem por esse tipo de visão.
O segundo inimigo
A partir do momento em que estamos cegos pela visão dicotômica e dualista das coisas por causa de avidia, criamos então a segunda armadilha: o apego. Ficamos apegados nas sensações prazerosas acreditando que a felicidade está nas coisas. Dessa maneira, buscamos desesperadamente manter as situações que acreditamos nos trazer felicidade e fugir daquelas que nos proporcionam o sofrimento.
Talvez isso já tenha acontecido com você. Uma situação extremamente ruim depois de certo tempo parece ter sido uma grande lição. Da mesma forma, uma circunstância favorável com o passar do tempo pode se tornar negativa. Isso ocorre porque mudamos nossa visão sobre a mesma situação.
A situação permanece a mesma, mas nossa percepção se modifica. É por essa razão que dizemos que o passado pode sempre mudar, pois nosso olhar sobre esse mesmo passado se modifica. Um exemplo disso é quando a pessoa é demitida de seu emprego. Ela, naquele momento, pode achar algo muito ruim. Mas depois pode ser que veja que aquilo foi melhor para ela e que agora a situação está muito melhor.
O apego surge no engano de acreditar que a felicidade vem de fora, e não do nosso interior. Acreditamos que casas, carros, status, relacionamentos, locais paradisíacos e todo tipo de outras coisas nos trarão felicidade. No entanto, quando alcançamos essas coisas notamos que elas são insuficientes e logo estamos correndo atrás de mais para suprir algo que nos falta. Se não estamos correndo, então, nos apegamos às coisas e situações e ficamos em sofrimento se isso nos é tirado.
Essa sensação de falta vem da busca por algo que já temos em nosso interior. A felicidade surge no contato com as coisas porque, sem perceber, a geramos em nosso interior. Porém, não percebemos que é algo de dentro e ficamos presos na noção que são as coisas que produzem isso.
Não vemos que a felicidade pode ser gerada na independência de eventos e situações. Assim, começamos a competir, agredir, brigar e cometer outros atos negativos para alcançar coisas que nos gerem mais felicidade. O engano se instaura na concepção de que precisamos tirar do outro para termos aquilo para sermos felizes.
Contudo, podemos diluir esse engano olhando para a felicidade que está em nosso interior. Acalmar a mente que se agita e que gera confusão. Quando acalmamos nossa mente e nos concentramos na respiração, até nos tornarmos a respiração, nossa mente se aquieta e, assim, podemos olhar a felicidade que sempre habitou nosso interior. Essa prática é chamada de shamata.
Você pode experimentar essa técnica, basta que se sente em um lugar confortável e concentre-se em sua respiração. Se sua mente desfocar e ir para outros pensamentos, acalme-se e lentamente a traga para a respiração. Essa é uma ótima forma para sair do apego e iniciar sua jornada para o que Alan Wallace, filósofo norte-americano, chama de felicidade genuína.
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