Já pensou se você pudesse saber tudo o que vai acontecer na sua vida num futuro próximo ou distante? Daria pra tomar decisões com base nesses prognósticos, evitar lugares e situações que lhe trouxessem algum tipo de risco ou mesmo tirar alguma vantagem desse conhecimento. Mas imagine o quanto também não poderia ser assustador se você descobrisse alguma catástrofe, fatalidade ou infortúnio.
Saber o que vai acontecer é um dos maiores desejos da humanidade. Não é à toa que recorremos a vários recursos para tentar obter um sinal sobre aquilo que ainda não veio ou uma dica sobre como será a próxima semana, o próximo mês, o próximo ano. Para isso, nada mais buscado, em especial aqui no Ocidente, do que o horóscopo. Quem nunca se pegou lendo a seção do jornal – na época dos impressos – reservada às previsões do dia? Ou ainda, nos dias atuais, quem não buscou um site especializado no Zodíaco, para fazer o seu Mapa Astral, buscar as características do seu signo ou ver as previsões de fim de ano para o novo período que se inicia?
Quais previsões da astrologia ajudaram na sua tomada de decisão? Quais foram aquelas certeiras ao adivinhar algum evento na sua vida? Teve alguma que foi uma completa bola fora?
Pode ser crendice, distração ou mesmo curiosidade, mas que a astrologia atrai a nossa atenção, isso é fato. Aí vem a pergunta que não quer calar: a astrologia realmente prevê o futuro? Para sabermos um pouco mais sobre isso, é preciso, primeiramente, saber o que, de fato, é a astrologia.
Pseudociência
A astrologia é considerada uma pseudociência, ou seja, um conjunto de teorias, métodos e afirmações que partem de premissas que não usam métodos rigorosos de pesquisa, então não têm embasamento científico. Mas isso não tira a seriedade de quem trabalha na área, muito menos invalida as “previsões” e as informações sobre a personalidade de alguém com base no seu signo.
Saiba como a astrologia pode proporcionar o autoconhecimento
Segundo a astrologia, as posições relativas dos astros poderiam trazer informações sobre as características de uma pessoa e de sua relação com outras pessoas, bem como da ação dos corpos celestes sobre acontecimentos na Terra. A palavra se origina da união dos termos gregos “astro” (que significa “estrela” ou “astros”) e “logos” (que significa “estudo”, “palavra”). Grosso modo, seria algo como: a mensagem que as estrelas nos transmitem.
A astrologia e os eventos
Mas será que ler os astros e decodificar e entender os símbolos permite ao astrólogo a previsão de um evento concreto? Do que se trata a propriedade preditiva da astrologia?
Segundo os especialistas, a astrologia não é predestinação, então ela não prevê o futuro de forma precisa – por exemplo: adivinhar o dia exato de um acidente ou o nome de um possível amante do seu cônjuge. Nada disso. Esse tipo de “futuro” não há como prever, até porque não é um papel da astrologia.
Mas se a questão for a antecipação de processos internos em nós ou dos períodos propensos ou inadequados para a tomada de decisões, aí, sim, podemos contar com a ajuda da astrologia. Nesse ponto, ela é uma ferramenta poderosa para indicar a particularidade de cada momento (crescimento, expansão, introspecção, momentos de mudança etc.). Mas sempre cabe a nós – graças ao livre-arbítrio – seguir ou não o caminho indicado pelo astrólogo. Isso significa que os resultados para o nosso sucesso ou para o nosso infortúnio também dependem de nossas ações e de nossas inclinações ao que é indicado pelos astros. Aí, sim, teremos a oportunidade de cocriar o nosso futuro. Se pudesse haver um significado mais compreensível para o sentido “preditivo” da astrologia, seria o de indicação de uma diretriz para as nossas ações.
Antigamente, o astrólogo tinha essa mais-valia, caso desse previsões mais concretas e com grandes taxas de acerto, mas hoje em dia a preocupação é que o consulente saiba como lidar com as possibilidades e como agir diante do que se apresenta numa previsão astral.
Entenda a relação entre astrologia e astronomia
Muitos astrólogos da atualidade evitam falar em previsões, uma vez que isso pode também interferir na forma de uma pessoa agir, por ela achar que a “previsão” é absoluta e, portanto, a única forma de fazer o previsto acontecer. Mas não é bem assim, uma vez que existem várias formas de se obter um resultado e a astrologia apenas apresenta um pequeno espectro disso. É como se fosse um leque de opções e o astrólogo apresentasse apenas uma das lâminas desse leque.
Mas é preciso saber que estamos lidando com inúmeros fatores, então a mera leitura de uma interpretação astral não traz exatamente o que vai acontecer, mas variáveis dentro de infinitas possibilidades. E isso também vai ter relação com a pessoa para quem está sendo feita a previsão, pois os resultados, como dissemos mais acima, são pessoais, feitos com base no Mapa Astral de cada um, na sua personalidade e nos seus processos internos. Daí o cuidado dos profissionais sérios em não exaltar um ou outro resultado, muito menos em determinar os eventos futuros, pois se render apenas a uma opção, além de congelar nossas ações e impedir que enxerguemos outra saída, ainda pode nos trazer grande frustração, caso não obtenhamos o sucesso naquilo para o qual pedimos orientação dos astros.
Durante muito tempo, no passado, a astrologia andou de mãos dadas com a astronomia. O próprio astrônomo e matemático Johannes Kepler – conhecido por formular as três leis fundamentais da mecânica celeste ou, como conhecemos, as Leis de Kepler – viveu por muito tempo elaborando Mapas Astrais, pois vivia em uma época em que não havia distinção entre astrologia e astronomia – esta última tendo seguido um outro caminho, até chegar ao atual conceito como ciência que estuda o Universo fundamentada em cálculos matemáticos, tomando grande distância da ideia de que os corpos celestes tenham alguma influência sobre a nossa vida, o nosso passado, o nosso presente ou o nosso futuro.
Hoje em dia, muitos cientistas afirmam que não há relação entre a movimentação dos astros e a nossa vida ou que eles sequer influenciam os eventos futuros, muito menos que a posição astral no momento do nosso nascimento tem o poder de determinar a nossa personalidade.
Atente-se às coisas que só amantes da astrologia entendem
Inclusive já foram conduzidas pesquisas tentando ratificar ou negar a eficácia da astrologia. Um desses estudos foi feito pelo físico norte-americano Shawn Carlson, em 1980, publicado pela revista “Nature”. Carlson tentou comprovar, usando métodos científicos, que a astrologia funciona. Para o experimento, foram recrutados 28 astrólogos, que deveriam tentar identificar o signo de 116 pessoas com base em questionários de personalidade. A taxa de acerto foi muito baixa: 34% – em outras palavras, um acerto em três possibilidades. Com isso, o estudo revelou o que os cientistas já imaginavam.
A astróloga-sensação Susan Miller corrobora a ideia de que astrologia não tem a ver com predestinação. Miller é, na atualidade, a astróloga mais famosa do mundo. Seus extensos textos com prognósticos sobre o horóscopo acumulam mais de 10 milhões de visitas anuais no seu site, Astrology Zone. Segundo ela, o astrólogo não prevê o futuro, apenas apresenta sugestões por meio do Mapa Astral.
Maria Eugênia de Castro, uma das maiores astrólogas do Brasil, vai no mesmo caminho da explicação de Susan. Segundo ela, a “astrologia fala na causa, não no fato”. E não ela não é qualquer astróloga: são 30 anos de experiência, uma carreira brilhante como astróloga – é professora, pesquisadora e escritora de dezenas de livros, entre eles o best-seller "O Livro dos Signos", além de ser fundadora da Sociedade de Astrologia do Rio de Janeiro e do Sindicato dos Astrólogos do Rio de Janeiro. Autoridade para falar do assunto é o que não lhe falta. Para ela, seria impossível prever a vida de cada um com exatidão e fatos concretos.
Confira 10 dicas para quem acabou de conhecer a astrologia
E realmente é impossível, uma vez que os fatos envolvem outras pessoas além de nós, então uma previsão sobre um grande acontecimento – como um acidente de trem, por exemplo – envolveria locais e centenas de pessoas ou muito mais que isso, considerando que esse trem terá passado por várias localidades antes de chegar ao ponto do provável acidente, o que incluiria, de forma aleatória, outras pessoas que não estariam “dentro” do evento, mas fariam parte dele no contexto geral.
Viu como é complicado falar em previsão do futuro a partir da astrologia sem levar em consideração fatos, situações e variáveis infinitas? Não dá para dizer que ela não funciona, mas se você esperar o resultado da Mega Sena ou o ano em que vai se casar, infelizmente não vai ter essa resposta. Agora, se precisar saber o que os astros dizem sobre os momentos propícios para investir num relacionamento ou a época ideal para lidar com suas finanças – e, principalmente, como preparar seu Eu Interior para lidar com cada fase astral –, aí, sim, você poderá receber uma resposta realista e satisfatória da astrologia. Só é preciso ter consciência de que tudo é muito relativo e, quando diz respeito às nossas particularidades e ações, a previsão, por si só, não vai fazer milagres.
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