Thich Nhat Hanh, poeta, monge e escritor, afirma que só existe um momento, que é o agora. Se contemplarmos essa fala, veremos que é verdadeira. O futuro e o passado só existem em nossos pensamentos. O que realmente existe é um eterno momento presente, um eterno aqui e agora. Mesmo assim, nossa mente tende a fugir para outros espaços que não são o que estamos vivenciando no momento.
Se prestarmos atenção em nosso dia, veremos que nossa mente costuma a escapar do momento presente, seja se preocupando com situações que estão no futuro, pensando em agendas ou compromissos que virão. Ao caminharmos, poucos são aqueles que prestam atenção à sua caminhada e à paisagem que os cerca. De maneira geral, a mente se distrai e logo se perde em pensamentos de outras situações.
Ao não estarmos presentes, perdemos o contato com os outros e com o que produz nossa felicidade. Assim como não percebemos a paisagem em nosso caminhar, não prestamos atenção às necessidades dos outros, à visão que as pessoas apresentam ou ao seu sofrimento. Esquecemos que a compaixão e a conexão com os outros seres são, em si, o fluxo que sustenta a vida e que promove a felicidade.
Essa perda de conexão no momento presente nos faz perder a capacidade de resolver problemas, de solucionar situações e de nos acalmarmos. Se há uma situação estressante, tendemos a fugir para outro momento ou até procrastinamos. Não estamos presentes. Se algum amigo precisa ser ouvido, não temos essa prática para entregar e logo ficamos pensando no que responder enquanto o ouvimos. Também perdemos a capacidade de nos mantermos concentrados e calmos. Se temos muitas coisas a resolver e não temos presença, ficamos pensando que teremos que fazer no futuro e logo perdemos a concentração naquilo que estamos fazendo.
Em nosso tempo, parece uma vantagem ser multitarefa. Mas perdemos a conexão com o momento presente e com a atenção plena daquilo que fazemos. Esquecemos que podemos ressignificar cada momento de nossa vida quando temos o olho atento no momento do aqui e agora.
Vivendo na presença
Entretanto podemos mudar essa situação. Podemos mudar a forma como nossa mente atua. Gosto da analogia budista de que nossa mente é como um macaco inquieto pulando de árvore em árvore. Mas podemos adestrar esse macaco. Ao caminharmos, prestamos atenção em como caminhamos, na paisagem que nos cerca e em nossa forma de respirar. Ao lavarmos a louça, fazemos isso com atenção plena, estando ali e fazendo o que estamos fazendo.
Treinamos nossa mente com essas coisas simples do nosso dia, prestando atenção em nossa respiração e trazendo sempre nossa mente para o momento em que estamos. Ao sentirmos que nossa mente foi para outro momento, respiramos e, com a paciência com a qual uma mãe amorosa cuida de seu filho, trazemos nossa mente para o momento em que estamos.
Dessa forma conseguimos ouvir as pessoas, entendê-las verdadeiramente e nos conectamos aos outros. Vivemos verdadeiramente e de maneira significativa, tendo nossa mente no único momento que realmente existe. Igualmente, se temos nossa mente no momento presente, teremos a capacidade de resolver as situações difíceis quando elas aparecerem. Assim não teremos que nos preocupar nem gerar ansiedade se tivermos essa certeza interna sobre nossa capacidade de estarmos com o corpo e a mente no mesmo lugar.
Você pode começar agora mesmo a realizar essa prática, respirando e prestando atenção em como seu corpo está. Levando a consciência para cada parte de seu corpo e prestando atenção em como o ar entra e sai dos seus pulmões. Acalmamos nossa mente, pois entendemos que toda agitação vem de uma mente que se movimenta para além do tempo presente.
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Se estamos centrados, ganhamos concentração, ampliamos nossa atenção e ouvimos com o coração as pessoas que estão conosco. Podemos desenvolver essa atenção no momento presente, desenvolvendo a nossa presença. É possível criarmos uma realidade livre da ansiedade paralisante e do estresse que nos impede de viver plenamente.
Comece a praticar a atenção presente aqui e agora. Você também pode.
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