Outro dia estava voltando para casa do trabalho, quando me peguei encantada por uma joaninha que estava ao meu lado, na janela do ônibus. Uma criaturinha tão pequena, mas tão maravilhosa. Assumo que tenho certa paixão por elas. Tive uma de estimação quando era pequena. Pode parecer engraçado, mas é verdade; ela vivia comigo, ia para todos os lugares que eu ia e dormia em um aquário cheio de pedrinhas e com folhas para ela comer. Mas infelizmente, não é sobre isso que vou falar.
Ver essa joaninha me trouxe mil pensamentos e reflexões. Na realidade, foi mesmo o tamanho dela que mexeu comigo. Como um bichinho tão pequeno sobrevive na nossa selva de pedra? Como será que ela vê o mundo? Como será que ela nos vê? São perguntas que eu sempre fiz e até hoje não encontrei a resposta.
Imagino que para ela, uma pessoa como eu, pareça um monstro, ou alguma coisa parecida com isso, muito grande e assustadora. Talvez eu represente um grande perigo mesmo sem saber e sem querer. Claro que é sem querer, todas as vezes que eu pego uma dessas no dedo, enquanto elas fazem aquelas coceguinhas deliciosas, eu estou feliz e não penso em fazer mal algum a ela.
Mas acredito que não deva ser nem um pouco fácil para ela conviver com tudo isso. Afinal, não é todo dia que alguém sai me pegando no colo e eu gosto disso. Eu sou uma daquelas pessoas bem medrosas sabe? Daquelas que pensam que sempre alguma coisa ruim pode acontecer. Tenho certeza de que não sou a única que vive com esses medos loucos e foi exatamente nisso que eu pensei ao ver aquela joaninha linda do meu lado.
Ela, com o tamanho dela e sem proteção alguma, simplesmente vive. Vive nesse mundo louco e ainda consegue trazer alegria aos outros. Ela vive como se o tamanho dela e o que está ao redor não importasse, vive simplesmente porque não pode mudar os fatos. Não pode mudar o modo como a natureza a fez e acredito até, que ela é muito feliz assim. Já que, no final, ela nem mesmo imagina como é viver sem ser ela mesma.
Se ela, diante disto tudo, não tem medo, qual é a minha razão de viver com esses medos? Eu não tenho esse direito. O meu dever é ser feliz, nasci para isso. É viver me preocupando mais comigo do que com aquilo que um dia pode ou não acontecer. E este dever não é somente meu, mas sim de todos. As pessoas têm direito de viver e principalmente de serem felizes. De deixarem de se preocupar tanto com a violência da cidade e começarem a apreciar mais as belezas da natureza. Mesmo que estas sejam mínimas no seu dia a dia.
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