Afinal o que é ser generoso? Você acredita que o é? Faz muito pelos outros e se frustra por não receber?
A neurociência através da ressonância magnética funcional consegue verificar as áreas que estão sendo ativadas no momento do exame, o que nos possibilita a compreensão de comportamentos mais complexos. Estudo realizado por Jorge Moll Neto, Ricardo Oliveira e outros pesquisadores do Instituto D’or de pesquisa e ensino, pediram que pessoas fizessem doações voluntárias e anônimas e quando isso acontecia, ativava uma região do cérebro relacionada ao prazer, chamado sistema de recompensa, na base do cérebro e toda vez que a pessoa vive uma situação que ela tenha prazer, é liberada a dopamina. A generosidade ou altruísmo está relacionado com prazer, pois é ativada esta área cerebral. Por isso a sensação de prazer com as atitudes de generosidade e altruísmo, que é a novidade deste importante estudo. (Quadro Traduzindo Ciência do Jornal Globo News - Edição das 17h em que o Prof. Dr. Stevens Rehen (ICB-UFRJ) traz o que há de mais moderno na ciência e apresenta em linguagem acessível ao grande público. Programa exibido no dia 21/02/2014)
A dopamina então é um neurotransmissor liberado pelo cérebro que desempenha uma série de funções, incluindo prazer, recompensa, movimento, memória e atenção. E sendo o prazer um gerador de bem-estar, a generosidade, segundo o estudo citado, nos faz muito bem.
Ela é um valor positivo que pode ser associado ao altruísmo, a caridade, a filantropia.
Altruísmo, embora visto como sinônimo de generosidade podemos atribuir seu significado a fazer o bem para pessoas que não sejam próximas de nós. Compartilho desta visão. Um indivíduo pode ser altruísta com o tempo de que dispõe e dedicar-se a causas solidárias, sem pedir nada em troca.
A reflexão aqui está no exagero com que auxiliamos ou ajudamos o outro, no desequilíbrio como diz o ditado popular, “Despir um santo para vestir o outro”. Este excesso tem alguns pontos a serem observados.
Tudo o que é muito fácil, o ser humano acaba por desvalorizar como a lei da oferta e procura, tem muito, logo se torna fácil e desinteressante. Outro ponto é que quando as pessoas se “penalizam”, pelo sofrimento alheio e se disponibilizam para auxiliar, sentem um grande alívio, e quando não o fazem, acabam por culpar-se. Então muitas vezes se obrigam a ajudar para não sentirem-se culpadas.
Estes sentimentos nos levam a este auxílio, mas talvez seja importante entender que quando exagero para assistir ao outro, tiro dele sua força e acabo possibilitando de forma subjacente que não acredito em seu potencial de reverter esta situação. E assim acabamos por deixá-lo muitas vezes acomodado.
Se observarmos, onde está de fato a assistência agindo desta forma? Como cita muito bem Lao -Tsé: “Se deres um peixe a um homem faminto, vais alimentá-lo por um dia. Se o ensinares a pescar, vais alimentá-lo toda a vida”.
A meu ver a diferença entre generosidade e piedade, é a de que a piedade nos ensina que algo além de nós resolverá nossas dificuldades, enquanto que a generosidade é o olhar amoroso e acolhedor do outro que nos acompanha para comemorar conosco nossa vitória sobre os obstáculos que queremos ultrapassar.
Então, ser generoso no lugar de piedoso, seria o caminho a ser trilhado, para que consiga de fato acreditar que não desprezo a dor do próximo, mas mesmo estando a seu lado, sinalizo a ele que sua força e fé em si mesmo e na sua espiritualidade, poderá levá-lo a caminhos bem mais harmônicos e com eles chegarão as soluções que necessita.
Segundo Osho, em seu livro, Guerra e paz interior- Ensinamentos do Baghavad Gita, descreve que: “... O que surge em você ao ver um mendigo na rua, não é compaixão, é piedade...Se uma sociedade com real compaixão for criada, ela não tolerará esmolas, pois nela, não existirá mendigos”.
Que nós possamos a cada dia exercitar a compaixão, tornando o mundo mais amoroso e as pessoas mais acolhidas.
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