Aprendemos muito cedo que devemos ser “alguém na vida”, expressão que conta com a ideia subjacente de que ser “alguém” é se suprir materialmente, é se destacar perante outras pessoas, ser um profissional reconhecido, provido do excesso material, ser socialmente visto como um ser de destaque. O popular que a todos encanta, o mais inteligente, enfim, o bem sucedido.
Desde tenra idade, adquirimos esta crença, pois por amor e insegurança do que de fato podemos ser em nossas vidas, nossos primeiros modelos nos ensinam, e é claro que o que queremos sempre é agradar nossa família, e ter sucesso é a melhor forma.
E assim ao seguirmos nossos caminhos a vida vai fazendo com que esta crença, seja mais e mais reforçada para que nos sintamos pessoas aceitas pelo meio que estamos inseridos.
Mas será que estamos aqui só para isso? Conseguimos ser felizes apenas com estas conquistas?
Você já deve ter conhecido pessoas que almejam um emprego novo, um aumento de salário, uma casa ou carro novos e qualquer outra coisa que lhes traga diretamente ou indiretamente conquistas materiais. Mas quando alcançam seu objetivo, em pouco tempo, nada mais tem importância. E assim iniciam de novo o desejo de obterem outras coisas e a vida segue em um caminho de constante busca e frequente insatisfação.
Não estamos nos preparando para vivermos em uma sociedade harmônica, muitas áreas de atuação existem para diminuir o sofrimento das pessoas, mas são exercidas só para ganhar status, dinheiro e com isso se deixa de exercer o papel que de fato deve ser exercido para a paz da coletividade.
Para que serve a vida? O que você faz aqui?
Quando você não estiver mais aqui, como você quer ser lembrado?
Como o pai ou mãe que pagou ótimos profissionais para ficar com seus filhos para seu pequeno momento de descanso, visto que seu tempo fora quase todo gasto nesta busca de querer sempre mais e mais? E hoje seus filhos lhe pagam as mesmas pessoas qualificadas para lhes fazer companhia neste momento em que você envelheceu?
Há anos recebi um senhor em meu consultório que havia sido trazido por sua filha, pois apresentava sinais de depressão, com mais de 75 anos me confidenciou que era uma pessoa que fez tudo o que foi orientado a fazer em sua vida, que era um empresário bem sucedido, que suas próximas gerações ainda seriam supridas do que ele havia conquistado. Mas que quando olhava para trás sua vida não fazia o menor sentido e que transitava o tempo todo entre ser um vencedor e um derrotado.
Um dos casos que sem a menor dúvida, me deixou um dos maiores ensinamentos, o de que teria que dar vida a minha vida, se de fato quisesse ser feliz. Ou ainda a contemplação de o que vim fazer aqui e o que legado desejo deixar para as pessoas, quando não fizer mais parte mundo.
Não quero aqui falar sobre a importância de se ter dinheiro para viver, pois é o obvio para vivermos no planeta terra. Mas a ânsia do ter no lugar do ser, sem dúvida deve ser repensada.
Penso que ser suprido do que precisamos para termos conforto e assim podermos de fato realizar nossa missão é o que importa, e esta concepção seguramente está relacionada ao que acreditamos que merecemos.
O autoconhecimento é para todos e é o nosso grande aliado para nos defendermos de nossos autossabotadores e para buscarmos a claridade sobre onde estamos e para onde vamos para que a felicidade seja encontrada, e qual a nossa contribuição que deixamos para as pessoas nesta existência.
Lembrando que estamos passando por aqui e o que deixarmos irá reverberar por toda a eternidade.
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