A nova geração está cada vez mais ansiosa e triste, além de viciados em sentir migalhas de prazer. Necessitam parar para apreciar o que a vida tem de bonito. Compreender que consumir e consumir não é o caminho para ser feliz. Que o material nos traz conforto para vivermos a vida suprindo o que realmente necessitamos e só.
Os valores morais que transmitimos aos jovens através da educação familiar, primeiramente, garantem a eles a possibilidade de fazer escolhas e não podemos esquecer que estes valores ou princípios são aqueles que individualmente decidimos respeitar. Que, mesmo sozinhos, sem sermos vistos, continuamos a tê-los como escolhas.
Uma pessoa que encontra um objeto que não lhe pertence devolve ao responsável do lugar que o encontrou, independentemente de estar sozinho ou em companhia de outras pessoas, pois tem como princípio moral devolver o que não lhe pertence.
O velho provérbio “achado não é roubado” não é verdadeiro, pois, se você achou e não comprou ou ganhou, este objeto não lhe pertence e não o devolver é roubo. Pela lei, de acordo com o código penal, denomina-se “apropriação indébita”, ou seja, se alguém não devolver o que achou, está se apropriando do que não é seu. Este princípio é um princípio moral passado para o educando como um valor.
Com isso, a sociedade ganha com um indivíduo que tem esta consciência e por este ato beneficia a sociedade. Um princípio ético não é apenas não fazer o mal, mas também agir para prover o bem.
Visto que se comportar de forma ética é entender a melhor forma de viver no cotidiano em sociedade, cabe à família de fato transmitir a este jovem estes ensinamentos para que ele mesmo faça a escolha, beneficie a sociedade e com isso contribua para a construção de um mundo melhor.
Por vivermos na atualidade em um mundo onde somos bombardeados por valores impostos, temos uma existência com ausência de identidade e nos identificamos com estes valores, não por serem nossos, mas para sermos aceitos. Consumir excessivamente passa a ser o que lhes garante aceitação para pertencer a esta sociedade contemporânea.
É importante que estes jovens desacelerem e aprendam a valorizar as pequenas coisas da vida, como um passeio na natureza, por exemplo, ao invés dos passeios solitários em jogos on-line, videogames ou ainda as viagens nos tablets e smartphones. Apreciar detalhes e entender que necessitam escolher a que realidade desejam pertencer.
Ao não entrar em uma faculdade que você queira fazer, é preciso perseverar e não desistir só porque outra será mais fácil ou lhe possibilitará um maior ganho quando se tornar um profissional. E assim une-se a facilidade ao ganho como uma verdade única, mas a frustração e a tristeza acompanham esta escolha quando não há realização profissional.
Estava atendendo há um tempo uma adolescente que queria fazer um curso que seus pais não aprovaram e justificaram a ela que não lhe dariam dinheiro. Esta é a crença deles. Com isso, a convenceram a fazer outra faculdade. E, após acabar, se quisesse, faria a de sua escolha. E será que o ganho material tão almejado acontece assim? Você escolhe o que não quer e ganha com isso?
Acredito que, mais uma vez, esta receita não deu certo, pois anos depois esta mesma pessoa voltou a me procurar e estava vivendo um momento muito angustiante por não mais querer seguir esta carreira e não saber como migrar para o que realmente era seu sonho ainda não realizado.
Amar o que se faz traz ganho garantido, mas não só o material. Disso não tenho dúvida.
Faço parte de uma família de publicitários, onde fui muito criticada com a minha opção em ser psicóloga clínica.
O fato é que valeu ter seguido meu sonho e perseverado muito para que ele me trouxesse cada vez mais frutos. Amo o que faço e minha realização cada dia é maior, visto que, em minha profissão, quanto mais idade, mais respeitados somos. Afinal, o estudo é constante e o prazer em contribuir para uma maior qualidade de vida para as pessoas não tem preço.
É importante que estes jovens saibam que seus pais sofreram dores, pois estas são comuns para o sofrimento humano. E não que pintem um mundo perfeito para poupá-los hoje e contribuírem para um maior sofrimento amanhã. Que as contas de casa devam ser organizadas em família para que o dinheiro seja como um facilitador para lhes dar conforto e não como uma ferramenta que dá poder aos que estão no comando: os pais. Algo que tenha um fluxo natural e por isso não se torne um tabu a ser conversado entre todos.
Precisam ser estimulados a ter consciência crítica, a ser menos impulsivos e consumistas, a ter mais compaixão. Valores estes que lhes concedem uma vida mais harmônica, mais feliz, com maior parcimônia.
É uma geração que está adoecendo, com um maior número de suicídios e mais jovens depressivos. Segundo a OMS, o suicídio é a principal causa morte de pessoas entre 15 e 29 anos de idade. Em termos globais, 75% ocorrem em países de média e baixa renda.
Muitos jovens se tornam muito competitivos e infelizes por acreditarem que precisam ter todos os aspectos de suas vidas solucionados antes dos 30 anos, o que muitas vezes não acontece e, com isso, vem a desilusão.
É interessante que estas pessoas entendam desde cedo que, para alcançarem seus objetivos, devam empenhar-se, que obstáculos sempre existirão no caminho e que sucesso é consequência de dedicação, de escolhas feitas por amor, da busca do conhecimento e de humildade.
Fica aqui a frase de Karl Marx para refletirmos um pouco mais:
“A desvalorização do mundo humano aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas.”
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