Estou me mudando. De casa. Dei uma reviravolta na minha vida e sair do meu atual apartamento entrou nos planos. Por enquanto, serei uma sem-teto, passando um tempo na casa dos pais. Depois que tudo estiver resolvido voltarei a ter um lar para chamar de meu.
Tomar essas decisões não é fácil. De repente mudar toda a sua vida, sua rotina e seus hábitos. Enquanto eu passava o domingo tentando colocar minha vida em várias caixas eu pensava: estou mudando de novo, que preguiça.
Depois pensava nas limpezas que preciso fazer no consultório e onde eu vou guardar as minhas coisas até ter de novo a minha casa. Tudo isso gerou um desânimo, que me fez sentar na frente da Netflix e assistir dois stands up comedy do Rafinha Bastos de uma vez só.
Mas, a vida não é isso? Dias atrás eu estava falando justamente isso para uma paciente. Ela precisa largar o emprego, que não está fazendo ela feliz e, lá pelas tantas, começou a reclamar: mas eu vou ter que começar tudo de novo? Outra vez? Mandar currículo, fazer entrevistas?
Com o tempo, e depois de ter tentado muito, começamos a sentir uma “preguiça” que, na verdade, é uma desmotivação. Vou começar outra dieta? Vou começar outro relacionamento? Vou arrumar outro emprego? Começar tudo de novo.
Ouvi de uma amiga também isso, dia destes “Mas vou sair com um cara, ouvir tudo sobre ele, de novo, ficar cheia de dedos...estou cansada disso”. E por isso não sai com mais ninguém?
A vida é recomeçar e essa é mesmo a única certeza que temos. Mas quando olhamos em volta e achamos que todo mundo acertou na primeira, ficamos pensando que o problema é com a gente.
Você sabia que, em média, os grandes empresários chegam a falir duas vezes antes de um grande sucesso. Um grande exemplo é Abílio Diniz – ex Grupo Pão de Açúcar – que hoje está feliz da vida, mas que perdeu tudo (eu disse tudo) por duas vezes.
Ele não desistiu. Ele não se deixou levar pelas críticas, ele simplesmente foi em frente e deu certo. Então, por que temos tanto medo dos outros, do que vão falar se não der certo? Por que não vamos mais atrás da nossa felicidade?
O problema é entrar na tal “zona de conforto” e não sair mais de lá. É achar que, se não deu certo até agora, não vai mais dar. O que seria da lâmpada elétrica se isso fosse verdade? Thomas Edson jogou mais de 80 fora antes de achar uma que funcionava. E isso se repete em milhares, milhões de invenções.
Persistir no que nos faz feliz, no que realmente queremos exige coragem e uma incrível capacidade de continuar acreditando. Isso é fé. Fé de que tudo dá certo no final. E se ainda não deu certo, não chegou mesmo o final (Fernando Sabino).
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