Outro dia, estava vendo um pequeno vídeo da professora Maria Lucia Galvão, uma filósofa, em que ela falava que nosso maior medo é crescer. E, sim, isso é a mais pura verdade. E, na mesma semana em que vi esse vídeo, a história abaixo aconteceu comigo.
Vinha há alguns meses pensando em mudar de assistente. Queria alguém que pudesse fazer mais coisas, tanto da minha agenda profissional quanto dos cursos que ministro e dos infoprodutos. Acabei encontrando uma pessoa, que chamarei de Helena.
Passamos algumas semanas conversando e fazendo reuniões, até que decidimos tudo. Eu dei aviso prévio à minha primeira assistente, e a vida seguiu. Qual não foi a minha surpresa quando Helena me disse que estava desistindo da vaga! Motivo: achava que não daria conta e me decepcionaria.
Ou seja, medo. Na hora, eu me lembrei do vídeo da professora acima e notei que, sim, todos nós, incluindo a Helena, temos medo de crescer. Eu também. Como sempre puxo a responsabilidade para mim mesma, fui analisar quais eram os meus medos com relação a isso e por que tinha atraído uma candidata assim.
O meu medo de crescer. Crescer, profissionalmente, significa assumir mais responsabilidades. Desde que cresci, nunca mais tive um dia de preguiça em frente à TV – um ou dois talvez, mas não quando eu queria. Desde que cresci, tenho salários a pagar, imposto de renda para fazer, contas que, se não forem pagas, resultam em corte de serviços. E crescer mais, com certeza, aumentaria ainda mais toda essa responsabilidade.
E, se hoje eu tenho dois dias de preguiça em frente à TV por ano, é muito – talvez não tenha nem um. E o medo de perder o controle, não dar conta, não conseguir entregar um bom serviço ou um conteúdo... também são questões que ficam vagando na cabeça de quem cresce. Sim, temos regalias e reconhecimento. Mais crédito no mercado, possibilidade de conhecer pessoas interessantes, oportunidades. Mas tudo tem preço.
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Mas a questão é que exatamente tudo tem preço. Passar as tardes na frente da TV – falo isso porque era algo que eu adorava fazer – também tem preço. Talvez o preço do sedentarismo e da depressão. Ficar num relacionamento abusivo, num emprego chato ou num curso de que não gostamos, mas parece ser “mais fácil” também. Crescer dói, mas ficar parado também dói. E tudo são só escolhas, um arquétipo da deusa Hécate, na sua encruzilhada, nos perguntando: “Qual preço você prefere pagar?”.
Eu, ainda que doa, ainda pago o preço do crescimento e ainda decido sempre por isso. E você? Qual é a sua escolha?
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