Erros. Somos perseguidos por eles. Volta e meia me pego pensando nas coisas que falei no dia. Pode ter sido para um paciente, para um parente ou para o cara da padaria. Sempre penso que talvez fosse melhor não ter dito, ou que eu poderia ter sido mais simpática. Não tenho lá uma habilidade social muito boa com desconhecidos. Depois que você me conhece eu posso até dançar pole dance na sua festa, mas antes disso é capaz de você achar que eu acabei de chegar do interior de Minas Gerais, onde eu morava numa fazenda de fabricar queijo.
Isso é medo de errar, eu sei. Por isso que fico remoendo depois o que andei falando ou como andei agindo com as pessoas. No meu caso é um medo social, um medo de não dizer a coisa certa. De ser grossa ou não ser lá muito bacana. No fundo é um medo de não ser aceito pelo outro, que o outro não tenha a chance de saber a excelente dançarina de pole dance que eu sou (mentira, não danço pole dance, mas acho lindo...rs).
Engraçado que escrevo. E escrevo tudo. E aqui eu não tenho medo. É um medo de um erro específico. Podemos sentir medo em todas as esferas da vida, mas os medos sociais (como na questão profissional ou no lidar com as outras pessoas) é o verdadeiro medo de errar. Quando coloca os outros no meio, aí que complica.
Conheço muitas pessoas que querem se separar, sair de um relacionamento que elas não acham mais bacana, mas tem medo. Medo de se arrepender e da outra pessoa não querer mais voltar atrás. Sim, alguns de nós sentem empatia pelo sofrimento do outro, mas por trás disso, o medo maior mesmo é esse.
E se eu me arrepender? E se der tudo errado? Bom, se der tudo errado, deu. Para tomar uma decisão na vida precisamos aprender a abrir mão do seguro. Abrir mão do certo, pelo duvidoso. Aliás, tudo o que envolve o nosso futuro é necessariamente duvidoso, por mais que as tendências, a previsão do tempo ou a cartomante digam o contrário. O futuro é um negócio que não existe. Uma abstração. Peça para uma criança de quatro anos esperar uma sobremesa depois de almoçar tudo para você perceber como é difícil abstrair. Elas ainda não têm essa capacidade totalmente formada, então se você falou sobremesa, ela é agora.
No nosso cérebro é assim. Você pensa em tomar uma decisão e já sente o peso da culpa, do medo, do pavor. Pensa em tudo o que pode dar errado. Pensa em cada vez que alguém fez aquilo e deu errado. Sim, é normal, precisamos pensar para fazer as coisas, saber o que nos espera. Mas não esperar que não seja possível que erremos. Aliás, a grande verdade é que erros nem mesmo existem, se pensarmos que cada decisão nossa vai nos trazer coisas boas e ruins. Algumas vezes as decisões são piores ou melhores. Mas são só decisões. Então, é aquela velha máxima. Vá. E se der medo, vá com medo mesmo.
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