A madrugada continua calada, contando suas histórias de mulheres que se escondem em seus travesseiros molhados de lágrimas. Muitas ainda guardam, sob as fronhas manchadas, suas mágoas e segredos em um forte desejo de poder ter transformado ontem, tudo o que hoje lhes pesa e sabem que tem que arrastar esse fardo assim pesado, porque não sabem se livrar dele como um lixo amarrado em um saco de plástico preto e mal cheiroso nesse caminho que pisam e repisam em um compasso dolorido, sofrido.
Há as que sorriem com todo seu encantamento para a criança que acalentam nos braços. Pudessem, com toda a sua força, mudar a dor da criança bem-vinda ao mundo, dar-lhes o alimento bendito capaz de saciar sua fome e torná-la forte, sadia e feliz. Mesmo que seus braços estejam despencando de cansaço por causa do dia sofrido, penduradas nos balaústres dos ônibus lotados e mal cheirosos, saúdam a vida daquele filho que lhe foi dado como obra do amor.
Mas nem todas suportam o silêncio da noite. Há as que buscam, nas baladas repletas de gente que também busca porque está só, o êxtase do prazer em olhares fantásticos e fantasiosos, onde, em meio à música estridente, que não deixa falar, nem ouvir o outro e, não é capaz de lhes dar um amor que não seja doentio e possa reabastecer de carinho seus cantos de solidão.
E, para aquelas que remetem à insônia seus problemas insolúveis, o silêncio continua não lhes dando espaço diante dos fracassos sugeridos pela vida. Transformam seus costumes fétidos em nada e, no dia seguinte, não terão sorrisos.
Para as que se preparam para o raiar de um novo dia, de fato um novo dia haverá de raiar. Será um novo espetáculo repleto de força, coragem, equilíbrio e muita luz. A alegria irá pairar nos olhos dos próximos encontros como forma de sugerir novos atos, novas mãos, abrindo tesouros guardados na alma. É o sim para a mulher que encara cada momento como o crescimento da vida que se agita em forma de amor.
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