Já leu aquele texto que circula na internet? Aquele que fala que todo mundo se preocupa em fazer um curso de oratória, quando deveria fazer um curso de “escutatória”? Pois é, eu concordo completamente.
É incrível a dificuldade que as pessoas têm de escutar. Você fala uma coisa, ela escuta, concorda com você. Dali a cinco minutos ela te pergunta a mesma coisa ou fica repetindo que você não falou aquilo e tals. Impressionante.
E quando você está contando alguma coisa e a pessoa está doida para falar, para dar a opinião dela? E aí você não consegue concluir porque a pessoa te corta o tempo todo? Ou pega só uma informação para terminar e concluir o seu pensamento? Espera aí, o pensamento é meu, me deixa terminar! Interessante.
O mais engraçado é que estamos sim em um tempo de muita interatividade. Você pode dar a opinião em tudo na internet, por exemplo. Pode falar mal da celebridade, pode xingar quem você quiser (muito cuidado com isso, claro), pode concordar, discordar.
Lá você tem espaço, o espaço e o tempo que quiser, mas parece que isso está sendo transferido para as relações “tete a tete”, as conversas com as pessoas.
Que tal deixar a ansiedade de lado e escutar o outro? Ouvir o que, de fato, ele tem a dizer. Não o que ele diz, muitas vezes. Eu agradeço a minha formação como psicóloga por isso.
Na faculdade aprendemos a ouvir por trás das palavras. A ler os sentimentos por trás das afirmações. Aquela pessoa que repete que é “demais” na verdade está dizendo que é insegura. Aquela pessoa que sempre quer fazer ciúmes para o namorado, na verdade morre de medo de ser traída.
Se você prestar atenção vai entender as pessoas bem melhor. Vai conseguir interagir, vai poder ouvir. Eu recebo muitas mulheres que modificam, na cabeça delas, o que elas escutam dos homens.
O cara fala: “Quero um tempo, acho que é melhor a gente se separar” (querendo dizer que quer um tempo e não está a fim de ficar com ela por enquanto) e elas escutam que ele tem problemas de relacionamento, que ele tem medo de ser traído porque a ex fez isso e mais um monte de elucubrações sem o menor sentido. Ouviu o cara. Mas não o escutou.
Escutar, de fato, te poupa de problemas. Quando alguém disser que você precisa levar o formulário X em algum lugar para conseguir alguma coisa é porque precisa.
Se alguém diz que não pode alugar uma casa porque o fiador precisa de alguns requisitos, é porque precisa. Ninguém acorda de manhã e decide uma coisa “ao leo”, as coisas tem um sentido.
Então minha gente, vamos parar com isso. Em uma relação de respeito ambos podem ouvir e serem ouvidos. Ambos podem dar a sua opinião, ambos terão tempo de contar a sua história.
E, seja breve, por favor, ninguém precisa de todos os pormenores para decidir alguma coisa. Conte o resumo e, se a pessoa pedir mais informações, vocês poderão conversar por horas. Olha que delícia! Alguém que realmente queira te ouvir e que você possa ouvir também!
Escutaram?
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