Existe uma piada dentro do mundo do recrutamento e seleção que todos conhecem bem. Em entrevistas de emprego, em algum momento na história, algum infeliz teve a ideia de dizer que “quando perguntarem um defeito, diga que é perfeccionista, porque esse é um defeito disfarçado de qualidade”. Alguém fez, por um acaso de destino conseguiu uma vaga e daí pra frente é história.
E parece mesmo que é uma coisa legal. Alguém que faz tudo direitinho, sempre perfeito, sempre o melhor possível de ser apresentado e que não sossega – e nem entrega – enquanto não estiver perfeito. Ledo engano! Não, isso não é uma qualidade. É um defeito. Bem, bem grave.
O perfeccionista é ansioso por natureza. Aliás, a busca insana da perfeição é quase como ter um transtorno obsessivo compulsivo, guardadas as devidas proporções. O sujeito geralmente trava. É o jornalista que nunca publicou uma matéria, porque falta uma ou outra coisa. A cozinheira que não deixa ninguém provar o prato porque faltou não sei o que na receita. O garçom que perde o emprego porque passa horas arrumando a bandeja com maestria. Ou seja, os quase-profissionais que nunca fazem nada direito.
Digo quase-profissionais porque é um defeito que afeta demais o lado profissional. Em um mundo em que é preciso ser multimídia e entender de tudo um pouco, querer ser perfeito em algo é quase loucura. Sim, podemos fazer o nosso melhor, mas na cabeça do perfeccionista isso nunca, jamais, é o suficiente. Na cabeça dele existe uma escala e o trabalho dele sempre, sempre, está muito abaixo disso.
E eu identifiquei isso em mim dias atrás, num processo de coaching. Iria fazer uma palestra em poucos dias e a minha coach pediu que eu levasse o meu livro, publicado em 2013, para vender ou para sortear durante a palestra. Comecei a inventar um milhão de desculpas, que o livro estava velho, que eu não pensava mais daquela maneira, que eu iria reeditar e, aí sim, poderia distribuí-lo.
Então, ela soltou: “você tem uma crença de que tudo precisa estar perfeito para funcionar”? Tomei uma lapada. Dela e da vida, que realmente me mostrou que eu estava escondendo o jogo. Não porque não fizesse coisas legais, mas porque tinha uma necessidade de que fosse tudo perfeito.
No fundo, o perfeccionista tem é medo. Medo de ser rejeitado pelo mundo, medo do seu trabalho não ser suficientemente bom. Medo de ser chacota ou de ser criticado, não sei. Só sabemos que não está dando mesmo certo e precisamos mudar isso.
Encontre, dentro de você, suas crenças de perfeição. Onde você deixa de fazer algo porque acha que precisa ser perfeito? Com certeza, mudar isso fará as coisas caminharem bem mais rápido em sua vida. Vou até me desafiar e entregar esse texto assim, sem final!
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