Na mitologia grega, Posídon também conhecido como Poseidon, assumiu o estatuto de deus supremo do mar. É conhecido pelos romanos como Netuno. Os símbolos associados a ele com mais frequência são o tridente e o golfinho.
Um dos filhos de Cronos e Reia, foi regurgitado pelo pai Cronos juntamente com seus irmãos Héstia, Deméter, Hera, Zeus e Hades. Tinha como representantes o cavalo e o touro, símbolos dos instintos, da sexualidade e da fertilidade, uma vez que todas as investidas sexuais dele geraram filhos.
Casado com Anfitrite, da sua união com ela nasceu, segundo algumas fontes, Tritão, o benfazejo deus marinho, metade homem, metade peixe, que sempre está disposto a serenar as marés.
Deus dos mares, dos navegantes e dos maremotos. Tinha, assim como o mar, um temperamento instável e vingativo. Sendo, portanto, o representante do inconsciente, vasto, misterioso e imprevisível.
Representa o arquétipo da vingança e do ressentimento (vide a perseguição de dez anos contra Odisseu). E também arquétipo das emoções incontroláveis, possuindo a capacidade de penetrar no reino do inconsciente onde se localizam os nossos afetos mais profundos e aterrorizantes.
A lenda do Minotauro ilustra bem isso. Após assumir o trono de Creta, Minos passou a combater seus irmãos pelo direito de governar a ilha. Rogou então a Possêidon pedindo que lhe enviasse um touro branco como a neve, como um sinal de aprovação ao seu reinado. Uma vez com o touro, Minos deveria sacrificá-lo em homenagem ao deus, porém decidiu mantê-lo devido a sua imensa beleza. Como forma de punir Minos, a deusa Afrodite fez com que Pasífae, mulher de Minos, se apaixonasse perdidamente pelo touro vindo do mar, o Touro Cretense. Pasífae pediu então ao artesão Dédalo que lhe construísse uma vaca de madeira na qual ela pudesse se esconder no interior, de modo à copular com o touro branco. O filho deste cruzamento foi o monstruoso Minotauro.
Parsífae cuidou dele durante sua infância, porém eventualmente ele cresceu e se tornou feroz; sendo fruto de uma união não-natural, entre homem e animal selvagem, ele não tinha qualquer fonte natural de alimento, e precisava devorar homens para sobreviver. Minos, após aconselhar-se com o oráculo em Delfos, pediu a Dédalo que lhe construísse um gigantesco labirinto para abrigar a criatura, localizado próximo ao palácio do próprio Minos, em Cnossos. O Monitauro foi posteriormente morto pelo herói Teseu.
Poseidon representa, por meio do touro e do Minotauro, a instintividade mais crua e mais escondida no ser humano. Aquela que não ousamos nomear, nem falar e que escondemos em nossos labirintos.
No Tarot Mitológico, de Liz Greene e Juliet Shaman-Burke, a lâmina A Torre, é representada pelo labirinto do Minotauro e um Posseidon irado destruindo-a. Sobre ela vale a pena destacar o seguinte comentário
“A Torre partida pelo deus retrata a destruição de antigos padrões. Ela é a única estrutura construída pelo homem presente nos Arcanos Maiores, e exatamente por isso representa as estruturas tanto internas como externas que construímos para servirem de defesa contra a vida e como esconderijo para os aspectos negativos e menos agradáveis de nossa personalidade. De um modo geral, a Torre é a imagem das fachadas socialmente aceitáveis que adaptamos para esconder nossa fera interior. Ela é a estrutura dos falsos valores ou daqueles já superados, daquela postura diante da vida que não se origina do ser como um todo, mas que vestimos como a roupa de um determinado personagem de uma peça, apenas para impressionar a platéia.”
Portanto, quando esse arquétipo é ativado em nossa psique, pode trazer a tona afetos reprimidos inundando a consciência e tomando o ego. As emoções, representadas pelo mar de Poseidon podem ser destrutivas, mas também podem trazer à tona, sentimentos profundos reprimidos para que possam ser trabalhados à luz da consciência, expandindo nossa visão sobre nós mesmos e nos tornando mais humildes e humanos.
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