Estes dias me vi as voltas com uma decisão que vai mudar radicalmente a minha vida. Decidi melhorar a carreira, estudar mais, conseguir um lugar mais central para atender, mas tudo isso gerou uma logística financeira que precisou ser reavaliada. E eu precisei decidir em abrir mão de uma coisa que eu sempre quis muito.
Abrir mão é sempre difícil, porque gera um apego danado. Achamos que, se já andamos até ali, voltar é um tipo de fracasso. A sensação é ruim. É uma sensação de ter nadado, nadado e morrido na praia, mas analisando mais profundamente a questão, não é nada disso.
Para alcançarmos o nosso sucesso, pessoal ou profissional, precisamos sair da tal casinha, da zona de conforto. Sei que essa expressão é usada a torto e a direito nas chamadas autoajudas (e tem ajuda de outro tipo, pelo amor de Deus?), mas é real. Criamos um pequeno universo ao nosso redor. A nossa casa, as nossas coisas. O nosso meio de transporte, a mercearia que tem aquele pão delicioso. A farmácia que já conhecemos o dono. E aí, ficamos bairristas, pequenos, limitados. Eu vinha sentindo que a minha carreira estagnou e eu sabia que precisaria ser radical para mudar. E é essa a decisão que eu estou tomando e começando a estabelecer o plano de ação.
Mas aí vem a cabeça, essa fanfarrona, nos dizer às três da manhã que talvez estejamos erradas. Repete “você tem certeza disso? ”. Te faz pensar em todas as inconveniências do novo modo de vida. As coisas que você vai abrir mão, as coisas que vão faltar para você nesse período. E sim, possivelmente vão faltar. E talvez, lá pelas tantas, você até se arrependa mesmo da decisão. Mas e aí? Fica tudo igual e tudo bem? E os nossos sonhos?
Nossos sonhos são o que nos levam para frente. E, em alguns momentos precisamos ser bem teimosos com eles. Precisamos insistir e insistir mais um pouco. Mesmo que todo mundo a seu redor ache melhor não. Ou ache que sim, você deve ir em frente. Não dá para esperar apoio incondicional em nada, precisamos nos apoiar em nós mesmos. Não interessa se temos pessoas para ajudar ou não, precisamos decidir e ir.
E pagar o preço, tudo bem. Mas ter a esperança de, um dia, agradecer pelo momento da decisão. Isso tem acontecido bastante na minha vida, por isso estou mais confiante. E quando a cabeça bater na minha porta às três da manhã vou servir um chá quente, sem cafeína (são três da manhã) e voltar para a cama. Não adianta deixar ela dizer o que é certo, o importante é seguir a alma.
E a alma nem sempre quer o que parece ser o mais confortável. Aliás, é bem o contrário. Quantos exemplos já vimos de pessoas que só prosperaram (ou foram realmente felizes) depois de sair da zona de conforto? É esse lugar fora de nós que devemos procurar de vez em quando. Um território desconhecido, aberto e inóspito chamado: vida.
Confira também: