Em outubro de 2014, conheci uma acupunturista. Eu estava tendo muitas crises de dor e estava extremamente cansada. Na verdade, eu não sabia, mas estava com Burnout. A síndrome de Burnout se dá por excesso de trabalho ou por questões como um chefe abusivo ou a ansiedade relacionada ao trabalho. Até aquele ponto, nos 2 anos anteriores, eu trabalhava uma média de 16 horas por dia. Eu não tinha vida pessoal, não saia com ninguém amorosamente havia quatro anos. Estava lotada de sujeira do passado.
Quem me levou a essa pessoa foi o meu pai. Quando cheguei lá, ela me falou: “Seu pai me disse que você não termina nada que começa”. Na hora eu falei: “Imagina, isso não é verdade. Eu terminei várias coisas que eu comecei, poxa!”. E continuei com essa ideia até mais ou menos a semana passada, quando eu finalmente entendi que os dois estavam certos.
A realidade é que eu sempre desisti quando estava muito difícil. Eu sempre desisti naquele ponto em que você precisa dar toda a sua energia, e às vezes ela já está bem baixa. Eu sempre desisti naquele ponto em que você precisa mudar um pouco o rumo do barco. Na realidade, naquele momento eu precisava aprender a descansar, e não a desistir.
A vida é realmente difícil. É difícil ficar no mesmo lugar, e é difícil fazer as coisas. É difícil estar na zona de conforto, mas é muito difícil estar fora dela. Na realidade, tudo tem um preço, que precisamos aprender a pagar: o preço pelas coisas grandes.
Ter um corpo dos sonhos, se é que isso existe de fato, exige que você mantenha uma disciplina espartana. Exige horas de academia, dieta balanceada 90% do tempo, uso de suplementos e tempo para assistir a vídeos do YouTube sobre o assunto. Por outro lado, estar fora de forma também tem preço e também tem exigências. Você pode não precisar ir pra academia todos os dias, mas sente dificuldade em subir escadas. Não vai encontrar roupa na primeira loja do shopping na qual entrar. E isso pode acarretar problemas de saúde a longo prazo. Até grupo de risco da Covid-19 você vira.
Então qual é o bom e qual é o ruim? Ora, nenhum dos dois. Não existe um mundo ideal, com a coisa ideal. Quando você escolhe um dos caminhos, você também escolhe pagar o preço daquele caminho. E por mais que eu seja adepta do "body positivity" e de você se aceitar como você é – antes de tudo –, eu sei que isso também tem um preço.
A questão é que, quando mudamos de caminho, tudo fica extremamente desconfortável. Eu sei a dor de sofrer preconceito dentro de um consultório médico por ser obesa. Mas a dor física de uma corrida para mim é novidade. O que acaba acontecendo é que, várias vezes, eu voltei pra velha dor do preconceito, que pelo menos me era uma conhecida.
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Não existe almoço grátis. Você só precisa escolher qual será a sua dificuldade, qual será o preço que você quer pagar e se realmente aquilo vale a pena pra você. Saber que qualquer dor nova é só uma dor nova, que logo estará velha dentro da sua mente. Que precisamos passar por um momento de total desconforto quando queremos chegar a um objetivo maior.
Desde então, eu reconsiderei minha rotina, minhas metas para 2021, todos os preços que venho pagando. Até mesmo estou considerando uma cirurgia plástica – meramente estética –, que nunca fiz por morrer de medo da dor do pós-operatório. E, na verdade, é só mais um preço a se pagar, mais uma coisa a se fazer no caminho da nossa totalidade.
Considere se você está fazendo de fato aquilo que quer ou se só está fugindo da dor. Crescer dói, mas ficar parado também dói. Pra caramba.
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