Já parou para analisar melhor a máxima “Você é aquilo que você pensa”? Ou sobre como atraímos aquilo que pensamos, pois o Universo vibra na mesma frequência daquilo que emanamos? Muito falamos sobre o Universo, sobre pedir e ser atendido. Alguns não acreditam, mas em um dado momento da vida já se pegaram perguntando sobre esse poder que o pensamento tem e a forma como o Universo reage a ele.
Mas, afinal de contas, o que seria o Universo dentro dessa concepção? Sabemos que Universo é tudo que existe no plano físico, é a soma de tempo e espaço, é a reunião de todas as formas de matéria. É onde nos encontramos, quase minúsculos, habitando a Terra, o Sistema Solar, a Via Láctea, convivendo com outros sistemas, planetas, estrelas, entre outros planos maiores, continentes e conteúdos, em uma dimensão quase infinita. Numa relação que é pura energia – uma dança de energia elétrica, magnética, gravitacional ou acústica.
Se somos parte do Universo, se interagimos e vibramos nessa mesma energia, somos também cocriadores dessa vastidão. E em uma acepção não física, seria talvez o Universo aquilo que responde aos nossos desejos, pensamentos, ações (a famosa causa versus consequência), a forma como lidamos com as nossas faltas e abundâncias e como vibramos em relação a elas. Existe muito mais a buscar sobre o Universo e a relação que temos com ele, e também os princípios que regem todos os elementos que existem e conectam o Cosmos em um sistema uníssono.
O Hermetismo
Para entendermos um pouco melhor sobre os princípios gerais que regem os planos físico, espiritual e mental, vamos fazer uma breve referência a Hermes Trismegisto e a filosofia idealizada por ele – o Hermetismo, que consiste basicamente no estudo e prática da Filosofia oculta e da magia.
Hermes, o “três vezes grande” (nos planos físico, espiritual e mental) – daí o nome Trismegisto – era um legislador e filósofo egípcio, que viveu na região de Ninus, provavelmente entre 1500 e 2000 a.C. É considerado o Pai da Ciência Oculta, da Astrologia e da Alquimia, o Mestre dos Mestres. Por vezes é figurado como uma divindade sincrética – na mitologia grega, apresenta-se como o deus Hermes; na mitologia egípcia, como o deus Toth; e na mitologia romana, como o deus Mercúrio.
Seus escritos são de grande importância tanto para a Filosofia como para a Alquimia, pois versam sobre a essência de todas as religiões e também sobre todos os processos ligados à prática mística, bem como o conjunto de princípios que agrupam todas as leis que regem o Universo e suas manifestações.
A Literatura Hermética
A Literatura Hermética – que inclui temas sobre Filosofia e Medicina – é considerada uma inspiração para pensadores da Antiguidade que sucederam a Hermes. As obras atribuídas a ele exerceram forte influência na Filosofia grega e no desenvolvimento do mundo espiritual na época do Renascimento, além de produzirem grande impacto sobre a Alquimia e a magia moderna. Entre essas obras, estão o “Corpus Hermeticum” e a “Tábua de Esmeralda”.
O “Corpus Hermeticum” compila os textos que formam a base do Hermetismo. Reúne 24 textos sagrados escritos no idioma grego. A obra aborda temas como o surgimento do Cosmos, a queda do homem do paraíso e a natureza do divino. Também discute sobre Alquimia e Astrologia.
A “Tábua e Esmeralda” (ou “Tábua Esmeraldina”) é o livro que deu origem à Alquimia. Trata-se do livro-chave dessa prática mística e traz os mais poderosos segredos sobre o Universo, desde a Astrologia e a Numerologia até as propriedades mágicas e medicinais de minerais e plantas.
O “Caibalion”
Os textos herméticos tiveram grande influência sobre outros estudos e obras. Uma dessas obras é o “Caibalion” (Kybalion) – talvez a mais relevante de todas e a mais lida quando o assunto é Hermetismo.
O “Caibalion” foi publicado em 1908, pela Yogi Publication Society. A autoria da obra é atribuída ao pseudônimo Os Três Iniciados, e esse anonimato obviamente gerou grandes especulações sobre quem de fato é o autor. O que faz surgirem teorias, como a de que o livro teria sido escrito por William Walker Atkinson, já que ele foi dono da Yogi e tinha a fama de publicar livros sob vários pseudônimos, além do que a estrutura da obra é muito similar a uma de suas publicações, “The Arcane Teaching”, que traz as Sete Leis Arcanas.
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Teorias à parte, o “Caibalion” é uma leitura imprescindível para os curiosos em Ocultismo, Alquimia e Esoterismo, e também interessante para quem quer saber algo sobre essas práticas. É nele que se incluem os sete Princípios Herméticos que regem todo o Universo, e seus significados são de extrema importância, em especial num momento de verdadeiro despertar da consciência.
Os sete princípios hermético
Princípio do Mentalismo – “O todo é mente; o Universo é mental.”
Esta é a primeira lei. Aqui temos o poder da mente como aquilo que precede a manifestação. Assim como o Universo é um pensamento na mente do criador, nossos pensamentos também criam condições. De uma forma mais prática: somos o que pensamos, e nossos pensamentos determinam a nossa existência, bem como a qualidade do nosso existir e conviver. É imprescindível que conheçamos nossa natureza mental individual, de forma que possamos compreender nossas limitações, atitudes e reações, para somente então mudarmos a realidade do que pensamos. O autoconhecimento é a chave para que possamos dirigir nossas emoções e comportamentos.
Princípio da Correspondência – "O que está em cima é como o que está embaixo. O que está dentro é como o que está fora."
Existe uma correspondência entre as leis e os diferentes fenômenos no plano da existência. Este é o princípio que une todas as coisas – o que se reserva para o macro, reserva-se igualmente para o micro. Está tudo interligado e integrado: o Universo está contido em nós, e nós estamos conectados ao todo. Um bom exemplo disso é a forma como nossas ações reverberam em torno de nós: a nossa bagunça mental pode, de alguma forma, ser refletida na bagunça do ambiente onde vivemos (“o que está dentro é como o que está fora”). Entender isso é o primeiro passo para organizar o nosso interior para que coloquemos ordem no que nos cerca.
Princípio da VIBRAÇÃO – "Nada está parado; tudo se move; tudo vibra."
Tudo no Universo está em movimento. Ainda que não percebamos. A Terra encontra-se continuamente em seus movimentos de rotação e translação, a Lua gira ao redor da Terra, o Sol está sempre liberando partículas. Tudo está vivo, tudo está vibrando e emitindo energia. Da mesma forma é com nossas emoções, que também vibram. Entender o movimento de todas as coisas – incluindo as nossas emoções – é a chave para saber se estamos à beira do caos ou da harmonia.
Princípio da POLARIDADE – "Tudo é duplo; tudo tem dois polos; tudo tem seu par de opostos; semelhante e dessemelhante são o mesmo; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se encaixam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados."
Toda moeda tem duas faces. O medo, por exemplo, coexiste com a coragem. Mas ser oposto não significa que um seja a ausência de outro, e sim um complemento para que o todo faça sentido. Existe a dicotomia, que traz suas nuances entre um polo e outro, porém não é maniqueísta (ou seja: só A ou B, mas sim uma infinidade de ajustes entre A e B, quando estes se opõem). Sendo assim, sempre traremos dentro de nós essa nuance bipolar. Resta-nos saber como iremos reverberar nossos atributos. Lembremos aqui que, como TUDO está interligado, até mesmo os princípios assim se apresentam. Ou seja, nossa polaridade está relacionada com a nossa vibração e o nosso pensamento. Se soubermos catalisar nossos pensamentos, vibraremos na frequência equilibrada, oferecendo ao mundo o lado adequado da nossa moeda.
Princípio do Ritmo – "Tudo tem fluxo e refluxo; tudo tem suas marés; tudo sobe e desce; tudo se manifesta por oscilações compensadas; a medida do movimento à direita é a medida do movimento à esquerda; o ritmo é a compensação."
O movimento pendular se manifesta sobre todas as coisas. Tudo precisa de ritmo e equilíbrio, mas em certas situações, para manter esse ritmo, é necessário imprimir mais força que o habitual. E é a forma como despendemos nossas energias a cada desafio, a cada obstáculo, que fará toda a diferença. Porém, de vez em quando, precisamos seguir o fluxo, sem nos contrapormos à tendência do ritmo, pois, a depender da força empregada, poderemos estagnar ou ir na direção oposta aos nossos desejos.
Princípio de CAUSA E EFEITO – "Toda causa tem seu efeito; todo efeito tem sua causa; tudo acontece de acordo com a Lei; o acaso nada mais é que um nome dado a uma Lei não conhecida; há muitos planos de causalidade, mas nada escapa à Lei."
Este é um princípio bastante claro. Toda ação tem sua reação; toda causa tem consequências. Não há coincidências, o que existe é uma consequência cuja causa ainda não localizamos. Temos o livre arbítrio, a tomada de decisões está em nossas mãos, mas é preciso ter em mente que nossas atitudes trazem de volta um resultado, que pode refletir sobre nós ou sobre os outros. “Por que isto está acontecendo comigo?” quase sempre é a pergunta errada. O correto seria perguntar-se: “O que fiz para ter chegado a este resultado?”. Este princípio não diz respeito somente à díade “causa-efeito”, mas é uma grande ajuda para refletirmos sobre a causa e revermos nossas ações, pensamentos e comportamentos.
Princípio de GÊNERO – "O gênero está em tudo; tudo tem seu princípio masculino e seu princípio feminino; o gênero manifesta-se em todos os planos."
Assim como o yin e o yang, aqui os gêneros se completam. O masculino tem algo de feminino, e vice-versa. A combinação das duas forças é que é capaz de criar. O subjetivo, o emocional e o receptivo são tão nutrientes para a alma quanto o objetivo, o lógico e o racional. Ao contrário da polaridade, em que as pontas precisam ser exatamente opostas para fazerem sentido, na mesma proporção, aqui não há a necessidade de serem extremos opostos, muito menos em quantidades iguais. Aqui não há negativo de uma foto, mas sim pinceladas de um comportamento colorindo o outro. Desenvolver as habilidades masculina e feminina é a chave para um pensamento evoluído. Busque conhecimento, desenvolva habilidades, mesmo que ache que não as tenha. Porque você as tem, elas precisam apenas ser ativadas.
Como podemos ver, tudo precisa viver de forma harmônica e interligada. Assim também é com os sete Princípios, um leva ao outro, de forma a não só nos trazer equilíbrio, como também abrir nossa mente ao novo, ao conhecimento e à expansão.
Curiosidades
A palavra “hermético” lhe soou familiar? Aqueles que não estão familiarizados com a Filosofia Hermética certamente já ouviram a expressão “hermeticamente fechado”. Significa “selado; fechado de forma que impede a entrada de ar”.
Essa analogia se deve a duas teorias. A primeira, que diz respeito a um selo que os alquimistas usavam para vedar recipientes, e cuja criação foi atribuída a Hermes. Já a segunda explicação deve-se ao fato de que os textos de Hermes eram de difícil compreensão pelos não iniciados. Para a maioria dos seus ouvintes, o entendimento de suas palavras estava “fechado” para a compreensão total ou parcial.
O termo Caibalion compartilha a mesma raiz etimológica da palavra Cabala.
Se quiser saber mais sobre os princípios, baixe e leia o “Caibalion”.
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