A meditação é praticada no oriente desde longa data, mas ainda é algo estranho ou pouco valorizado no ocidente. São dois pólos distintos: O oriente é quase excessivamente intuitivo e o ocidente é demasiado racional. Dificilmente encontramos equilíbrio entre as duas partes. Devemos ter em mente que o equilíbrio é sempre um fator a ser cultivado. Entendo que é um equívoco pendermos para qualquer um dos dois lados, afinal, precisamos do uso da racionalidade para a vida prática e precisamos também de momentos de silêncio interior, momentos onde deixamos um pouco de lado a atividade mental lógica para ouvirmos (intuirmos) algo sobre nós mesmos.
Esse é o ponto que tem sido pouco valorizado na nossa existência aqui no ocidente: O conhecimento sobre nós mesmos. E isso nada mais é do que um fruto do estilo de vida competitivo e atarefado que levamos. E não é à toa que as doenças emocionais vão se alastrando como se fossem epidêmicas. Isso ocorre porque alguma coisa está sendo deixada de lado, e neste caso, entendo que estamos ignorando a nossa essência espiritual.
A meditação tem este propósito: O de relaxar a nossa atividade mental lógica a bem de permitirmos insights da nossa fonte espiritual, pois é justamente de lá que afloram os mais beatíficos e harmoniosos estados de consciência. Creio que o nosso excessivo apego à atividade intelectual atinge proporções tão sérias que não é raro ouvirmos pessoas dizendo que "meditar é chato" ou que "ficar parado sem fazer nada não tem graça nenhuma". Devemos compreender que isto é um condicionamento e que não é da noite para o dia que se consegue quebrar este condicionamento para atingir um estado de relaxamento mental. Exige perseverança!
Mas este apego tem uma explicação, é que enquanto estamos com a mente ocupada, não temos tempo de sentir nossas próprias fraquezas e defeitos, ou seja, acabamos "ocultando" todas as nossas amarguras e traumas. Osho chega a dizer:
"Se fores a um hospício, verás as pessoas em atividade, cada louco fazendo alguma coisa, porque essa é a única forma através da qual conseguem esquecer-se de si próprios. Podes encontrar alguém que lave as mãos trezentas vezes por dia, porque acredita em limpeza. Na verdade, se não deixares que lave as mãos trezentas vezes por dia, ele não poderá aguentar-se, isso será demais para ele. Lavar as mãos é uma fuga. Políticos, pessoas que andam à caça de fortuna e poder, são pessoas loucas. Não podes fazê-los parar, porque, se o fizeres, eles não saberão como viver, serão atirados a si mesmos e isso é demais para eles.
Tenho motivos suficientes para crer que ele está certo. Mas o ponto fundamental a ser compreendido é que estas "feridas espirituais" não serão cicatrizadas pelo simples fato de as ignorarmos. É preciso olhar para elas, ouvir e perceber porquê elas estão aí e o que precisamos mudar em nós mesmos para que elas cicatrizem. A meditação têm esse papel. Ilude-se quem acha que remédios ou mesmo drogas podem curar algo, porque a fonte do desgosto continuará latente e aumentará sua força com o passar do tempo. A cura propriamente dita é um processo de consciência e autotransformação. Só isso pode cessar a causa.
Alguns mestres espirituais consideram ainda que a meditação é um verdadeiro estado de prece, mas uma prece muito mais profunda do que aquela que aprendemos com as religiões tradicionais. É que culturalmente aprendemos que a oração nada mais é do que "conversar com Deus, falar para Deus sobre os seus problemas". Mas nós nunca paramos para ouvir o que a nossa consciência (que está conectada com o Todo - ou Deus, se preferir) tem para nos dizer! Este é o segredo.
Existem muitas linhas de meditação, algumas falam em fortalecer a concentração e manter o foco em algo, outras procuram induzir o relaxamento. A minha sugestão é que comecemos com a prática do relaxamento mental para promover o bem-estar físico. É que as tensões e o ritmo acelerado do dia a dia fazem o corpo liberar alguns hormônios que são prejudiciais ao organismo. Porém, promovendo o relaxamento, outros hormônios benéficos serão sintetizados pelo organismo. Então, ao menos por alguns minutos por dia procure um lugar calmo em meio à natureza, sente-se de modo confortável e respire lenta e profundamente, tentando expandir inclusive o abdômen.
Faça isso inúmeras vezes, procurando sentir como é gostoso o cheiro da natureza, como é lindo o canto dos pássaros e como é perfeito o mecanismo natural da vida. Evite pensar no passado ou no futuro, pois a vida é algo que está acontecendo aqui e agora, em mim, em você e em tudo o que está à nossa volta. E nós não temos o direito de virar as costas para isto!
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