Somo educados. Isso, além de ter uma parte boa (sim, porque precisamos de regras para viver em sociedade) também nos ensina coisas erradas. Ou melhor, coisas ultrapassadas talvez seja a palavra certa. Aprendemos que devemos respeitar os mais velhos, mas ao mesmo tempo, não deixar de sermos nós mesmos.
Em muitos casos isso é bem contraditório! Mas não vou falar dessa educação e sim das crenças. Daquilo que ouvimos a vida toda como verdade e uma destas coisas são: só acredite no que seus olhos virem e seus ouvidos escutarem. Isso é mentira. Porque a maioria das coisas importantes, as pessoas não fazem e, se fazem você não vê. E a maioria das coisas que realmente importam para gente, é invisível aos olhos. Saint Exupéry no seu Pequeno Príncipe cantou esta bola. O essencial é invisível aos olhos. Será que ele estava falando do que?
Desde o começo deste ano, venho tendo provas e mais provas de que precisamos escutar o que está lá dentro, a intuição. É chegado, de fato, o tempo das máscaras caírem. Seja porque é fácil monitorar alguém com a tecnologia, seja porque hoje ficamos mais espertos e evoluídos. A mentira tem de verdade as pernas e os braços curtos e não dura muito tempo. Não mais como antigamente.
Mas o que eu estou falando mesmo é de uma coisa chamada intuição. Confundimos muito intuição com pensamentos e, em alguns casos, até com mediunidade. A intuição é fonte da mente, mas não é filha dela. Ela é fonte da mente porque usa a mente para nos comunicar algo que sentimos com o coração. Lá dentro, somos bem mais inteligentes do que a possibilidade do nosso cérebro. Lá dentro, temos conexões inexplicáveis pela ciência e sim, sabemos tudo antes. Antes dos outros e antes de nós mesmos.
Na medida em que evoluímos, aprendemos a escutar o que não é dito. Isso pode acontecer numa conversa com um amigo ou na decisão de uma coisa importante na nossa vida. Quando não conseguimos ainda escutar isso, podemos recorrer aos oráculos, ao Universo. Podemos meditar ou fazer uma oração, ou ter um sonho talvez. Mas o fato é que nascemos sim com uma bússola que não sabemos ler. Não conseguimos ler até que tiremos a mente da jogada. E, de novo, a mente mentirosa. Que mente sobre as coisas mais óbvias do mundo e cria máscaras de coisas que preferimos ver de uma determinada maneira. Seja porque não acreditamos que aquela pessoa é malévola mesmo, seja porque não acreditamos no nosso potencial ou na nossa sensualidade, ou no nosso poder.
Não acreditar é não ouvir. E aquelas coisas que sempre ouvimos em contos de fadas começam a fazer sentido quando o basta acreditar é sentido lá dentro. Acreditar num sonho não é só fantasia muitas vezes, é intuição. Claro que é preciso separar muito bem o que é a fantasia da mente e o que é sonho da alma. O sonho vem lá de dentro. O sonho é aquela coisa que nós já somos independentemente de qualquer coisa.
Já sou uma psicóloga, nasci assim. O fato de obter um diploma só me protocolou, por assim dizer. Porque nos sonhos nós já somos. E nas fantasias nós até poderíamos ser, mas não sentimos nada. As fantasias estão na cabeça e fazem pouco sentido real para nós. Temos uma lista de motivos para aquilo enquanto o nosso sonho não precisa de motivo nenhum. Isso é o que diferencia o sucesso do fracasso. O quanto sonhamos e o quanto fantasiamos.
Podemos sonhar em cursar uma faculdade e ser médicos. Ou fantasiar isso enquanto não fazemos nada para dar certo. Podemos sonhar em encontrar um grande amor na vida ou cismar com o infeliz que cruzou o nosso caminho, fantasiando nele um príncipe nada encantado. Podemos ouvir a nossa intuição para a maioria das coisas ou acreditar nas nossas fantasias.
E não pense que as fantasias são só positivas, não! Fantasiamos muito o negativo também. Outro dia mesmo eu estava assistindo TV e a jornalista mostrava as pessoas se refrescando numa represa, num dia de calor. Logo na sequência, ela disse “é, mas cuidado porque você poderá se afogar” (credo, eu não queria uma mãe destas). Logo que viu as pessoas nadando, viu corpos boiando em potencial na represa e um belo furo de reportagem. Lamentável!
Podemos ver nos outros o que eles não fazem ou fazem. Podemos ignorar que aquela nossa amiga fez mais de uma dúzia de sacanagens com a gente porque, simplesmente, gostamos dela. Podemos ignorar os sinais claro de uma paixão porque não temos autoestima para entender que ele ou ela está mesmo interessado. Podemos fantasiar mães e pais ideais e fazê-los caber na nossa fantasia. E aí sim, isso é passaporte e visto para o sofrimento.
As pessoas são o que são e só agora as máscaras estão caindo. Agora teremos cada vez mais possibilidade de discernimento quanto à verdade. Não a nossa verdade ou a do vizinho, mas uma verdade maior. O que eu chamo de realidade. A realidade não é mesma para as pessoas porque vivemos querendo acreditar no que achamos mais fácil, mais confortável. Mas é chegado um tempo em que isso não será mais possível. E aí, ou você entende o que está escondido ou algo acontece e mostra para você. Preparemo-nos para as duas possibilidades porque, com certeza, ninguém vai conseguir ver tudo. O orgulho, o ódio, a inveja ainda nos cegam demais para isso. Mas estamos crescendo e aprendendo e, com um pouco de sensibilidade e intuição as coisas ficarão cada vez mais fáceis. É isso que eu escolho acreditar. E verei que é certo ou errado mais tarde.
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