Catequeses nos foram infligidas ainda criança, religiosidades foram calçadas em nosso subconsciente através dos costumes, por ensinamentos de nossos tutores e pela sociedade ao que, posteriormente, se incluíram filmes, modismos, e congêneres impostos pela mídia. O resultado da soma desses elementos se fixou em nós como modelos, tornando-nos senhores de consciências aprisionadas a tais padrões.
O nosso agir é resultado do nosso pensar. Se o nosso pensamento foi padronizado por doutrinações, nos transformamos em zumbis que têm a mitologia como verdade e o ritualismo como espiritualidade, nos levando às imperfeições do pensar, do sentir e do agir, acomodando-nos no viver diário.
Como consequência tramitamos no sentido oposto ao da evolução interior o que nos leva à degeneração do raciocínio, fazendo com que troquemos os valores espirituais pelas preocupações das fórmulas e a aderirmos a rituais nos quais o sentido da oração sede lugar ao da aparência.
É necessário que nos livremos dos vínculos e temores que nos prendem ao sistema e passemos a ver o mundo sob a perspectiva de que tudo está se transformando, menos nós que nos mantemos estagnados nas velhas fórmulas decoradas, do que foi dito e repetido como sendo espiritual, sem as questionar.
Os pensamentos assim moldados, não poderão mais navegar livremente. A pré-fabricação do pensar definiu parâmetros para a imaginação, limitando-a na fertilidade de produzir evolução. Estagnou-se o espírito.
A questão gira em torno do livre arbítrio cerceado pelos padrões impostos. Sem liberar o individuo, limita-se o mérito e não se encontra o caminho do crescimento espiritual. Faz-se necessário soltar-se das amarras conceituais, como passo primeiro para a própria evolução. Havemos de deixar de sermos almas cativas.
“O ser humano alcança a verdadeira felicidade somente quando passa a ter perfeita liberdade mental, abandonando todo e qualquer apego e ideia fixa”.
A questão do cárcere psíquico avoluma-se, paradoxalmente, na medida em que se alardeia a liberdade, já que, novos preceitos surgem com a metamorfose de velhos conceitos, ou a eles se opondo de modo não racional, dando-nos a sensação de que o mal também evolui. Orai e vigiai, diz o ensinamento.
Costumo dizer, para o arrepio de muitos, bendito seja o demônio, pois pelo medo dele erros foram evitados. Evitaram-se erros por temor e não por livre discernimento. Inversamente, pratica-se o que se entende ser o bem pelo mérito do céu, não por dever consciente. Eis padrões em exercício e méritos inexistentes.
Quando os sentidos falam, a mente se cala. A liberalização dos sentidos não implica na liberalização mental.
Os sentidos têm pertinência material e haverão de estar a serviço da mente, se é o inverso que ocorre, temos a plena satisfação do corpo, mas... Espiritualmente o que ocorreu?
Vemos pelos meios de comunicação imagens de folias e folguedos, nos quais a exteriorização material objetiva o clímax do aprazimento, independente de critérios sobre que meios são utilizados para atingir esse alvo.
A liberdade do corpo não significa liberdade mental ou espiritual. Alguém pode estar prisioneiro, trancado em uma cela, e estar livre espiritualmente e o inverso também pode ocorrer. Ou seja, estar na multidão e ser prisioneiro de formulações sedimentadas no cérebro.
O comodismo também se torna responsável pelo não crescimento do espírito. Não se questionam as velhas, cansadas e repetidas respostas, as têm como verdade final. Basta repetir os gestos daquela maneira, se benzer desse jeito e fica tudo certo. Quando a dificuldade surgir, repita essa ou aquela oração. As receitas estão aí, prontinhas para preparar o bolo da insanidade. Havemos de ter a mente livre para não termos a alma prisioneira. Temos de cuidar do corpo, da mente e do eu (alma, espírito).
Somos capazes de controlar e de reconduzir nossos pensamentos e emoções, disciplinando, por eles, as nossas ações, se libertos de paradigmas, e nesse caminho, automaticamente, alcançarmos a evolução do espírito.
Evoluir, eis o objetivo da vida, se não, para que e por que do viver?
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