Em nossa sociedade, somos cobrados a alcançar as melhores notas na escola, ser bons atletas, ter o melhor desempenho profissional e ser pessoas fáceis de se relacionar. Aprendemos que nossas qualidades devem sempre ser exaltadas e que devemos esconder ou expurgar de nosso ser todo e qualquer defeito que temos. Se expressamos algum erro ou defeito, isso é visto como ser uma pessoa horrível e terrível. Porém, neste texto, quero mostrar a você que, ao aceitar seu lado “feio” ou “não tão perfeito”, paradoxalmente você se torna a melhor versão de você e que ver suas imperfeições pode ser melhor do que imagina.
Imperfeição emocional
É bastante comum as pessoas em terapia dizerem que não sentem raiva, rancor ou inimizade por alguém. Quando a pessoa me fala isso, sei na hora que é um sinal de que ela quer falar sobre seu sentimento, mas não quer ser julgada por sentir tal emoção. Isso porque, quando falamos de algo que não queremos, estamos falando de algo que já pensamos ou sentimos.
E agora? Isso é o destino ou são minhas escolhas?
Por exemplo, se você diz “Não quero pensar em um avião amarelo”. Imediatamente, essa imagem aparece em sua mente.
Contudo a pessoa não deseja ser julgada como alguém irritado ou mau por ter essa emoção. Isso causa um bloqueio em nosso olhar, e não conseguimos cuidar da emoção nem entender o que a causa. Como efeito, ela tende a aumentar. É mais ou menos quando temos uma inflamação em nosso corpo. Não adianta negarmos a existência do problema. Temos que olhar e cuidar dele. Caso contrário, ele tenderá a aumentar e nos trazer mais problemas.
A causa dessa negação pode ser resumida em duas: a primeira é de avaliarmos as emoções como positivas e negativas, como boas e más. Achamos que ter raiva é ruim e que ser sempre calmo e tranquilo é algo positivo. Entretanto esquecemos que a raiva tem a função de também gerar a revolta ou indignação frente a uma situação injusta ou que achamos errada.
A segunda é que não entendemos que não somos as nossas emoções. As emoções são nossas, mas não podemos ser elas. Uma pessoa irritada seria sempre irritada, durante 24 horas. Seria a personificação da raiva. Porém ela nem sempre é assim, então podemos afirmar que ela manifesta a raiva, segue sua raiva, mas não é a própria raiva. Isso nos absolve de sermos a pessoa irritada, impaciente, nervosa, ansiosa, medrosa etc.
Função de cada emoção
Cada emoção tem uma função. A ansiedade, por exemplo, é uma emoção que é gerada como proteção de alguma situação perigosa que a pessoa pode vir a passar. Ela serve para antever o perigo. A raiva é uma emoção protetiva contra algo que consideramos injusto. Assim como esses sentimentos citados, todas as outras emoções têm um porquê de estarem em você. Porém, para entendê-las, precisamos ouvi-las e realmente realizar uma investigação interna.
A perfeição está na diversidade. Compreenda!
De nada adiantar negarmos ou rechaçarmos tais sentimentos. Precisamos abrir nosso coração para esse lado que consideramos perturbador.
Olhar interno
Abrir nosso coração pode ser muito difícil, e podemos precisar de ajuda. Podemos buscar nas terapias, no silêncio meditativo ou em alguma prática que nos ajude a desenvolver esse olhar interno.
O primeiro passo é abraçar nossa imperfeição, sem culpa e sem medo. Sim, erramos, falhamos e temos imperfeições. Isso não tem problema, pois nos torna humanos. Nenhuma pessoa pode ser totalmente livre de falhas, assim como não pode ser somente composta por falhas.
Todos nós temos nossa potencialidade e nossos limites. Precisamos entender e aceitar isso, pois, ao aceitarmos, podemos lidar com esses limites e potencias que temos. Há força em nossa limitação. Aceitar nossos medos e fragilidades nos concede conhecimento interno e liberdade para lidar com elas.
Entenda o poder da autoaceitação na sua vida
Porém precisamos aprender a reconhecer o que é limitação e o que é crença que nos limita. Para isso, podemos começar a desenvolver esse olhar interno, que vê, mas não julga. Não julga o erro, a raiva, a falha, a imperfeição. A culpa é o único sentimento que podemos tirar de nossa lista. Podemos substituí-la pela responsabilidade do que sentimos e do que fazemos com nossas emoções. Sem culpar e sem condenar. Essa é uma nova forma de olhar para si.
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