Uma vez, há muito tempo na pré-escola, minha professora lançou a seguinte pergunta: O que é a caridade?
Lembro-me que nossa resposta foi a seguinte: dar o que temos aos pobres. Eu não me lembro da conclusão daquela aula, mas durante a minha vida tenho me deparado com essa questão “caridade”.
Apesar de termos nossa vida, nossos pensamentos e sentimentos, não podemos dizer que estamos separados dos outros, afinal não vivemos em pequenas ilhas, apesar de muitas vezes nos comportarmos assim.
Hoje o que vemos são pessoas cada vez mais pressionadas e sendo obrigadas a pensarem em si mesmas, sem se darem conta de que estamos todos no mesmo barco, e enxergar que os problemas do outro pode muitas vezes ajudá-las a si próprias. Como já dizia um dos santos mais queridos de nossos tempos, São Francisco: “É dando que se recebe...”.
Depois que me tornei mãe, e que meu universo se ampliou para além de mim, ficou mais fácil me colocar no lugar do outro, sentir a dor do outro, chorar as mesmas lágrimas que caem de outros olhos que não os meus.
O nosso ombro em momentos de tristeza pode não curar as feridas, mas podem sim aliviar o peso do sofrimento. Isso é caridade.
Por outro lado, se alegrar com as conquistas e méritos de outra pessoa, sem se deixar dominar por sentimentos que são sim, muito humanos, mas que não são nobres, como inveja e ciúme, é um ato de caridade.
Dar ao próximo o que ele não tem, e que muitas vezes nós também não temos. Porque, refletindo sobre a resposta daquelas crianças em sala de aula, somos todos pobres. E porque somos pobres, precisamos uns dos outros. E por não termos tudo, precisamos da caridade uns dos outros.
Estamos ligados por uma corrente invisível que nos faz fragmentos de um mesmo universo. Partilhamos da mesma terra, do mesmo ar, do mesmo céu e das mesmas estrelas.
O sol e a lua do outro brilha da mesma maneira para nós. Então, por que nos sentirmos independentes ou superiores de quem quer que seja?
Independente de nossa cultura, de nossas diferenças de raças, pensamentos e ideias, somos todos um.
O bem que fazemos aqui, volta para nós de alguma forma. O universo conspira e agradece cada vez que nos doamos, cada vez que enxergamos para além de nossos próprios umbigos. É um bem que retorna! Que não se acaba no outro, mas que se reflete e multiplica.
Quando decidimos nos doar, o bem nasce em nós. A caridade é um bem precioso que nos leva à evolução. Quem de nós já não experimentou em si, os efeitos de uma entrega feita com o coração?
Como já dizia Buda:
“Antes de dar, o coração se alegra; durante o ato de dar, ele se purifica; e, depois de dar, ele se sente satisfeito”.
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